As autoridades afegãs ordenaram nesta quarta-feira a expulsão do correspondente do jornal "The New York Times", após a publicação de uma reportagem sobre a suposta ameaça de dirigentes locais de assumir o poder para acabar com a crise eleitoral.
As autoridades haviam proibido na terça-feira Matthew Rosenberg - correspondente há três anos em Cabul do jornal americano - de abandonar o país, após a publicação da matéria sobre a eleição presidencial afegã.
O Departamento de Estado americano e o jornal criticaram a decisão, e as autoridades afegãs decidiram então expulsar o jornalista.
Nesta quarta-feira, Washington "condenou" a expulsão, qualificada de um "retrocesso significativo, e possivelmente sem precedentes para a liberdade de imprensa no Afeganistão".
O Afeganistão está em um período de bloqueio político desde a eleição presidencial - primeiro turno em abril, segundo turno em junho - e ainda não foi possível determinar o vencedor entre os candidatos Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani.
Ambos se comprometeram com o secretário de Estado americano, John Kerry, a aceitar um governo de união nacional, qualquer que seja o vencedor após uma recontagem dos votos, que está em curso.
Rosenberg publicou na terça-feira uma reportagem na qual afirma que "poderosas figuras governamentais" vinculadas às forças de segurança "ameaçam" formar um governo interino se o país não superar rapidamente a crise política.
"O New York Times publicou vários artigos do mesmo tipo com base em fontes governamentais que pedem anonimato", anunciou o Ministério Público afegão, para justificar a expulsão.
Segundo o NYT, Matthew Rosenberg, de 40 anos, foi convocado na terça-feira pelas autoridades para revelar as fontes, o que se recusou a fazer.
Rosenberg disse à AFP que Cabul não informou sobre a expulsão ao NYT. "Em nenhum momento disseram que violamos a lei, é uma questão política".
O porta-voz da presidência afegã, Aimal Faizi, informou à AFP que a expulsão do jornalista busca "simplesmente acabar com os efeitos nocivos dos artigos do New York Times" e não constitui "um ataque contra a liberdade de imprensa".