O vírus do ebola tem "o controle" (da situação) do atual surto da doença que matou mais de 1.400 pessoas no oeste da África, afirmou nesta terça-feira o doutor Tom Frieden, diretor do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Frieden afirmou, porém, que os especialistas têm as ferramentas para interromper o surto.
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O médico visita, nesta semana, Libéria, Serra Leoa e Guiné, os três países mais afetados pela doença. A Nigéria também registrou casos, mas as autoridades estão otimistas de que a disseminação da doença do país pode ser controlada.
"Muito trabalho tem sido feito, muitas coisas boas têm acontecido", disse Frieden durante reunião da qual participou a presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf, na segunda-feira. "Mas o vírus ainda tem o controle (da situação)."
O surto atual é o maior já registrado e sua contenção é mais complicada porque, entre outras razões, os médicos demoraram para identificar o que estava acontecendo. Além disso a doença apareceu numa região onde existe grande movimentação de pessoas e o ebola se espalhou em áreas densamente povoadas, onde muitos resistem ao tratamento ou se escondem para não serem levados aos centros médicos. A doença também sobrecarrega sistemas de saúde que já apresentavam sérios problemas, já que o ebola afeta alguns dos países mais pobres do mundo.
Mas Frieden foi otimista sobre a possibilidade de o surto ser contido. "O ebola não se espalha de forma misteriosa, sabemos como se dissemina", afirmou ele em declarações transmitidas pela televisão liberiana. "Então, temos os meios para interrompê-lo, mas isso exige tremenda atenção a cada detalhe."
Segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o surto de ebola matou 1.427 pessoas e infectou 2.615. A agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 240 funcionários da área da saúde foram infectados, um número sem precedentes. Metades desses infectados morreu.
Segundo a OMS, o alto número de funcionários da saúde infectados deve-se à falta de equipamentos de proteção e ao seu uso inapropriado, além da falta de pessoas capacitadas para tratar da grande quantidade de pacientes.
Um surto separado da doença surgiu no final de semana no Congo, embora especialistas digam que ele não tem relação com a epidemia na África ocidental. O grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF), que gerencia muitos dos centros de tratamento na África ocidental, disse que também está enviando especialistas e suprimentos para Equateur, uma província do noroeste do Congo. Mas a organização médica já advertiu que o surto no oeste africano exauriu seus recursos.