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Cessar-fogo na Ucrânia é vitória para Putin que não garante a paz

Os ocidentais acusam a Rússia de enviar tropas à Ucrânia para apoiar os separatistas

Da AFP
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Publicado em 08/09/2014 às 13:48
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Os ocidentais acusam a Rússia de enviar tropas à Ucrânia para apoiar os separatistas - FOTO: Foto: AFP
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O cessar-fogo acertado entre o governo da Ucrânia e os rebeldes pró-russos do leste do país é uma vitória para o presidente russo, Vladimir Putin, mas não garante o fim dos combates, segundo os analistas.

O plano em doze pontos assinado na última sexta-feira (5) em Minsk (capital de Belarus) entre o governo de Kiev e os separatistas põe fim a cinco meses de conflito, embora desde então tenham ocorrido confrontos esporádicos.

Os ocidentais acusam a Rússia de enviar tropas à Ucrânia para apoiar os separatistas, uma tática que teria favorecido seu avanço e obrigado Kiev a se sentar para negociar, segundo os especialistas.

"Graças ao apoio decidido da Rússia, as forças pró-russas conseguiram uma superioridade militar que está se convertendo em superioridade política", afirma Maria Lipman, uma analista política independente de Moscou.

"Desde o início este era o objetivo de Putin: ter influência para ditar suas condições na Ucrânia, não apenas sobre a situação no leste, mas sobre o conjunto da situação política", afirma.

O governo de Kiev, debilitado por suas perdas militares e pela ameaça de um conflito em grande escala com a Rússia, precisou se sentar à mesa de negociações com os líderes de dois movimentos separatistas pró-russos, o que significa dar legitimidade a grupos classificados até agora de terroristas.

"Putin tem o que queria porque o presidente (ucraniano Petro) Poroshenko precisou falar com as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (autoproclamadas) e reconhecê-las como partes na negociação", explica Stanislav Belkovsky, do National Strategy Institute, com sede em Moscou.

ESTATUTO ESPECIAL - Além do cessar-fogo, o acordo de Minsk inclui várias cláusulas sobre o futuro das áreas rebeldes que deixam a porta aberta a novos conflitos porque oferece a elas um "estatuto temporário especial" com um autogoverno em distritos específicos.

Embora para alguns analistas seja uma concessão de Kiev, após o acordo o líder rebelde Igor Plotnitsky insistiu novamente que seu objetivo final continua sendo a separação do resto da Ucrânia.

Esta situação pode levar a um conflito permanente similar aos de territórios como Abjasia (Geórgia) ou Transnistria (Moldávia), que se autoproclamaram independentes nos anos 1990 e têm o apoio de Moscou.

Segundo o influente jornal russo Vedomosti, a imprecisão do acordo é "uma obra-prima da diplomacia" que não resolverá os problemas. "Beneficia ambas as partes no conflito porque não obriga ninguém a fazer nada", escreve o jornal em seu editorial desta segunda-feira.

No curto prazo, o acordo estabelece uma troca imediata de prisioneiros e pede a retirada da Ucrânia de "grupos armados ilegais, material militar e todos os combatentes e mercenários".

Outros analistas concordam que o cessar-fogo só dará a ambas as partes a possibilidade de consolidar suas posições.

"O máximo que podemos conseguir com este cessar-fogo é a troca de prisioneiros", disse Volodymyr Gorbach, um analista do Instituto de Cooperação Euroatlântico em Kiev.

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