Jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) cercaram neste domingo (21) uma cidade curda do norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia, depois de assumir o controle de 60 localidades em uma ofensiva rápida que provocou a fuga de milhares de pessoas.
A tomada da cidade Ain al-Arab (Koban em curdo), terceira localidade curda mais importante da Síria, é crucial para o EI, já que permitiria ao grupo jihadista controlar sem descontinuidade uma ampla região da fronteira Síria-Turquia.
Com 35.000 homens recrutados em vários países, muitos deles ocidentais, o grupo sunita extremista continua conquistando regiões na Síria e no Iraque, apesar do anúncio do governo dos Estados Unidos de que pretende destruir o EI com uma ampla coalizão internacional.
Os membros do EI, que desde terça-feira passada ocupam quase 60 localidades na região de Koban, seguiram com o avanço e estão, em alguns pontos, a uma dezena de quilômetros da cidade, anunciou o diretor do Observatório Sírio dos Direitos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
Se o grupo jihadista conseguir tomar a cidade chave, poderia em seguida iniciar uma ofensiva contra as regiões de fronteira mais ao leste no território curdo, como Qamichli.
Desde o início da ofensiva do EI na terça-feira (16), 39 combatentes islamitas e 27 curdos morreram, assim como 11 civis executados pelos jihadistas.
Os civis curdos de Koban e seus arredores - 450.000 habitantes antes do conflito -, que temem represálias dos islamitas, iniciaram um movimento de fuga em massa.
Quase 70.000 curdos da Síria buscaram refúgio na Turquia nas últimas 24 horas para fugir do avanço do EI, anunciou o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur).
"O Acnur reforça sua ação para ajudar o governo da Turquia a socorrer os 70.000 sírios que fugiram para a Turquia nas últimas 24 horas", afirma um comunicado do organismo da ONU divulgado em Genebra.
"O governo turco e o Acnur se preparam para a possível chegada de centenas de milhares de refugiados nos próximos dias", completa a nota.
Casas destruídas e decapitações
Refugiados contaram à AFP que os jihadistas bombardearam e destruíram casas. Além disso, decapitaram os moradores que permaneceram nas áreas ocupadas.
Milhares de pessoas, incluindo idosos, crianças e mulheres, foram obrigadas a fugir com seus pertences e seguiram para o posto de fronteira de Mursitpinar, sul da Turquia.
Os soldados abriram o alambrado que separa os dois países em vários pontos para facilitar a entrada dos refugiados.
No sábado (20), 300 combatentes curdos da Turquia entraram no território sírio para apoiar os curdos da Síria, segundo o OSDH.
Abdel Rahman afirmou que permanecia sem informações sobre o destino de 800 habitantes das localidades ocupadas pelo EI.
Sem missão americana na Síria
O presidente americano Barack Obama afirmou na semana passada que estava preparado para ampliar os ataques à síria e atacar posições do EI neste país, como já acontece no Iraque.
Mas até o momento as forças americanas não efetuaram nenhum ataque na Síria.
Obama descartou o envio de tropas terrestres, tanto à Síria como ao Iraque.
Até o momento, os bombardeios americanos no Iraque ajudaram as tropas iraquianas a conter o avanço dos jihadistas no norte do país, onde controlam várias regiões.
Obama afirmou no sábado que mais de 40 países manifestaram a disposição de participar em uma ampla campanha contra o EI.