A Cúpula do Clima, que ocorre nesta terça-feira (23) na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, com chefes de Estado, de governo e representantes de 125 países, foi convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, como um chamado ao "engajamento internacional" - em prol da preservação ambiental e da redução dos efeitos das mudanças climáticas. Internamente, ele tenta pressionar os países a ter compromisso com o tema, principalmente, pela necessidade de um consenso quanto ao acordo político pendente sobre o clima - que deverá ser votado no ano que vem.
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A presidenta Dilma Rousseff deve discursar na reunião agora de manhã. Segundo a assessoria de imprensa da Missão Diplomática do Brasil na ONU, o discurso deverá ser curto e feito entre as 9h e as 10h no horário local (uma hora a menos que em Brasília, pelo horário americano de verão). Dilma participa da reunião, acompanhada pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo.
A ONU espera que os presidentes apresentem "sugestões públicas"para lidar com as mudanças climáticas. Em discursos e entrevistas que antecederam a reunião, o secretario-geral do organismo pediu que os líderes participantes do encontro trouxessem "medidas concretas".
Por isso, alguns analistas acreditam que os chefes de Estado possam aproveitar o momento para anunciar algum tipo de compromisso ou gesto de "boa vontade", tendo em vista a necessidade da assinatura do acordo no ano que vem.
Mas a busca do consenso não é fácil, tanto pela dinâmica de cada país quanto pelos interesses políticos e econômicos. Os Estados Unidos, por exemplo, acreditam que é possível conciliar a luta contra as mudanças climáticas com o crescimento econômico.
"Alguns acreditam que o combate às alterações climáticas é uma escolha entre investir no futuro e fazer crescer a nossa economia no médio prazo, mas essa é uma falsa escolha”, declarou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jacob Lew, durante discurso ontem (22). Entretanto, ele admitiu que o país pode "mudar a forma" de produzir energia, com a adoção de sistemas renováveis.
Mas os efeitos das mudanças climáticas já causam impacto econômico no mundo e o aumento previsto de 2,5º Celsius da temperatura do planeta poderia representar um custo de 5% do Produto Interno Bruto, considerando-se somente os países latino-americanos. A estimativa foi divulgada ontem pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
Com relação à opinião pública, o evento mobilizou a sociedade civil. Ontem (22), milhares de pessoas participaram de manifestações em prol do clima em mais de 160 países. A ONG People´s Climate March (em português, Caminhadas pelo Clima) foi uma das que mais organizaram protestos, que começaram na semana passada.
As caminhadas pelo Clima pedem a diminuição de emissões de carbono - um dos pontos mais difíceis de consenso entre os países - desde a última conferência sobre o tema, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em 2009. Em Nova York, o próprio Ban Ki-moon participou de caminhada, ao lado do ator Leonardo Dicaprio, escolhido como embaixador da ONU para as mudanças climáticas.
Em conversa com jornalistas durante a caminhada, o secretário defendeu a mobilização, lembrando-se da responsabilidade desta geração com o futuro. "Este é o planeta onde as próximas gerações vão viver. Não existe plano B, porque não temos o planeta B', disse.