Negociações

Colômbia divulgará acordos assinados com as Farc

Desde o fim de 2012, o governo de Santos e a guerrilha das Farc discutem em Cuba em um processo de negociação para dar fim aos 50 anos de confrontos entre as partes

Carolina Sá Leitão
Cadastrado por
Carolina Sá Leitão
Publicado em 24/09/2014 às 20:51
Leitura:

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou nesta quarta-feira (24) que serão publicados os textos dos acordos assinados até agora nas negociações entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e seu governo, em um esforço para dar fim às especulações e acabar com as "versões descabidas" sobre o processo de paz.

"No começo do processo, decidimos não publicar os acordos, não torná-los públicos, para proteger a negociação. Mas temos considerado que o processo já avançou o suficiente, está suficientemente protegido, para tornarmos público o que temos assinado", disse Santos a jornalistas na entrada principal da sede da Organização das Nações Unidas.

O presidente indicou que os textos serão divulgados ainda nesta quarta-feira ou na quinta-feira (25). "Anunciaremos hoje a todos os colombianos a totalidade dos projetos conjuntos dos acordos até o momento", afirmou um comunicado publicado de Havana, onde ocorrem as negociações.

Desde o fim de 2012, o governo de Santos e a guerrilha das Farc discutem em Cuba em um processo de negociação para dar fim aos 50 anos de confrontos entre as partes. Até hoje, as equipes de negociadores chegaram a acordos em pontos chave como a reforma agrária e os problemas relacionados à terra, a participação política dos rebeldes e o combate conjunto ao narcotráfico. Atualmente, eles tratam da questão das vítimas do grupo, que, segundo a opinião de especialistas, pode ser a mais complexa.

Santos destacou que, com a publicação, tudo "será mais transparente do que tem sido" e que as pessoas "terão conhecimento de que lá não se está negociando nosso sistema democrático, nosso modelo econômico, nosso modelo de desenvolvimento, nossas instituições". Ele acrescentou que o que está em discussão "equivale ao que tem sido divulgado".

Segundo o presidente colombiano, um terceiro grupo de vítimas das Farc viajaram a Cuba nos dias 1º e 2 de outubro para a negociação, em um passo que, ele afirmou, foi aplaudido pela comunidade internacional. "É a primeira vez que um país e um grupo de negociadores em um conflito permite a participação de vítimas para que expressem diretamente suas vontades, sua dor, suas aspirações de como se deve proteger e garantir seus direitos", ele comemorou.

De acordo com Santo, à medida que se assinem mais acordos, se decidirá se eles também serão tornados públicos. Além da questão das vítimas, ambas as partes ainda discutem sobre o desarmamento do grupo e sua reintegração à sociedade. "O natural, o lógico seria que [esses acordos restantes] fossem tornados públicos, para ser coerente com a decisão que estamos tomando hoje", sugeriu o presidente.

Ele se reuniu nesta quarta-feira com a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, e com a presidente chilena, Michelle Bachelet. Ambas expressaram seu total apoio ao processo de negociação de paz, disse Santos. Fonte: Associated Press.

Últimas notícias