O anúncio oficial da morte do líder do grupo Boko Haram feito na quarta-feira foi recebido com certo ceticismo na Nigéria.
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Além disso, os analistas políticos não acreditam que, se confirmada sua morte, isso freará o avanço do grupo islamita no norte do país.
O Exército da Nigéria afirmou na quarta-feira que o líder do grupo armado, Abubakar Shekau, morreu, sem esclarecer onde, como ou quando a morte ocorreu.
A morte de Shekau já havia sido anunciada duas vezes desde 2009 pelas forças de segurança, mas esta é a primeira vez que o Exército faz essa afirmação oficialmente.
Os militares também afirmaram recentemente que haviam matado outro chefe islamita que se fazia passar por Shekau.
O porta-voz militar Chris Olukolade anunciou a morte de um combatente islamita chamado Mohamed Bashir durante combates na cidade de Kondunga, no estado nigeriano de Borno (nordeste).
"Bashir tem atuado ou aparecido em vídeos como se fosse o falecido Abubakar Shekau, o excêntrico personagem conhecido como líder do grupo Boko Haram", acrescentou.
Moradores de comunidades locais "corroboraram as informações sobre a identidade deste Bashir Mohamed, ou Abubakar Shekau, ou Abacha Abdullahi Geidam, ou Damasack, etc...", indicou o porta-voz militar durante uma coletiva de imprensa em Abuja.
Durante a coletiva de imprensa, um vídeo amador foi exibido, mostrando combates em Konduga (estado de Borno) e muitos corpos nas ruas.
O general Olukolade apontou um homem barbudo, deitado no chão entre as vítimas como sendo "aquele que aparece nos vídeos do Boko Haram". Uma foto do mesmo homem também foi mostrada.
Há vários dias circulam rumores sobre a morte de Abubakar Shekau, principalmente após um tuíte do Exército anunciando que "um líder terrorista gravemente ferido" havia sido capturado em Konduga.
Em julho de 2009, a polícia de Maiduguri, capital do estado de Borno, anunciou que Shekau estava entre os 200 integrantes do grupo mortos durante confrontos.
E em 19 de agosto de 2013, uma outra declaração dos serviços de segurança dizia que Shekau "poderia ter sido morto a tiros" por soldados no final de junho.
Mas especialistas em temas de segurança afirmam que não há provas concretas da morte de Shekau e que a foto mostrada à imprensa é a mesma que circula há tempos na internet.
"Shekau está vivo e bem", afirmou Ahmad Salkida, jornalista nigeriano que participou em negociações de paz com o grupo islamita.
Segundo o especialista em segurança, Ryan Cummings, da sociedade sul-africana Rede 24, o anúncio do exército provavelmente é mera propaganda militar.
Como outros analistas, Cummings acredita que mesmo que Shekau esteja morto, seu desaparecimento não terá muita incidência sobre o Boko Haram.
"A eventual perda de Shekau dificilmente resultará num enfraquecimento operacional do grupo, já que sua estrutura de comando continuará tentando obter os objetivos do Boko Haram", concluiu Cummings.
Abubakar Shekau foi o braço direito do fundador do Boko Haram, Mohamed Yusuf.
O Boko Haram ("A educação ocidental é pecado", em língua haussá) luta pela criação de um Estado islâmico.
O grupo pretende estabelecer um califado no noroeste da Nigéria.
A insurreição do Boko Haram e a brutal repressão das forças de segurança nigerianas deixaram 10.000 mortos desde 2009, de acordo com as autoridades da Nigéria, além de mais de 650.000 deslocados, segundo a ONU.