O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou nesta quinta-feira (25), ante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que os erros estratégicos dos países ocidentais no Oriente Médio ajudaram a converter esta região em um território seguro para a ação de grupos radicalizados.
"Os erros estratégicos do Ocidente no Oriente Médio, Ásia Central e Cáucaso converteram essas partes do mundo em um paraíso para terroristas e extremistas", afirmou Rohani em seu esperado discurso ante a ONU.
Na visão de Rohani, "a agressão militar contra o Afeganistão e o Iraque e a inapropriada interferência no desenvolvimento da Síria são exemplos claros desta abordagem estratégica equivocada no Oriente Médio".
Para o líder iraniano, "a violência está agora generalizada em outras partes do mundo como uma doença contagiosa".
"Sempre acreditamos que a democracia não poderia ser algo transplantado do exterior (...) não é um produto comercial que pode ser exportado do ocidente para o oriente", acrescentou o presidente iraniano, que não comentou diretamente os ataques ocidentais e árabes realizados no Iraque e na Síria contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI).
"Quando os generais invadem uma região, não pensem que os diplomatas irão acolhe-los calorosamente. Quando a guerra começa, a diplomacia acaba. Quando sanções são impostas, o ódio por aqueles que as adotam aumenta", lançou, num momento em que o Irã ainda sofre com sanções internacionais por seu polêmico programa nuclear.
"O Oriente Médio deseja o desenvolvimento e está cansado de guerra", prosseguiu Rohani, afirmando que há na região "políticos e elites moderadas que se beneficiam da confiança de seus povos".
"As vozes desses líderes são as vozes da moderação no mundo islâmico", insistiu, alertando para o risco do desejo de hegemonia dos países ocidentais e árabes da coalizão internacional contra os jihadistas do EI.
A experiência com os resultados em relação à Al-Qaeda, ao Talibã e a modernos grupos extremistas, afirmou, demonstram que não se pode "permanecer imune às consequências".
"A repetição desses erros, apesar de experiências tão onerosas, é desconcertante", enfatizou.
Em outra parte do discurso, afirmou que o governo do Irã está determinado em continuar de "boa fé" as negociações para alcançar um acordo sobre sua política nuclear com os países ocidentais.
"Estamos determinados a continuar com as negociações com nossos interlocutores em boa fé, baseados no respeito mútuo e na confiança", afirmou Rohani, para quem "uma demora em alcançar um acordo definitivo somente aumentará os custos".