om uma campanha crescente, milhares de manifestantes pró-democracia de Hong Kong prosseguiam nesta segunda-feira com o desafio ao governo chinês e a exigência de mais liberdades políticas.
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A campanha de desobediência civil em curso há algumas semanas na ex-colônia britânica se intensificou de forma espetacular no fim de semana e virou o episódio de violência urbana mais grave desde que o território foi devolvido a China em 1997.
No domingo à noite e durante a madrugada de segunda-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo (87 vezes em nove pontos diferentes) e spray de pimenta para dispersar os manifestantes, o que provocou cenas de caos pouco frequentes nas ruas de Hong Kong.
Em um aparente gesto de apaziguamento, o governo de Hong Kong anunciou nesta segunda-feira a retirada da polícia antidistúrbios das ruas, mas pediu em troca aos manifestantes "que liberem as ruas ocupadas o mais rápido possível, para dar passagem aos veículos de emergência e restabelecer os serviços de transporte público".
Mas o número de manifestantes nas ruas aumentou com o passar das horas e nesta segunda-feira à noite quase 20.000 pessoas estavam concentradas no bairro de Admiralty, perto da sede do governo.
Os ativistas pró-democracia também controlam três cruzamentos vitais da cidade, onde moram mais de sete milhões de pessoas.
"Hoje estamos mais otimistas. Não há muitos policiais para bloquear as áreas com manifestantes", declarou à AFP Ivan Yeung, um ativista de 27 anos que passou toda a noite acampado no bairro de Causeway Bay.
Mais de 200 linhas de ônibus foram suspensas ou desviadas, o tráfego de bondes estava afetado e várias estações de metrô permaneciam fechadas.
Além disso, várias escolas e empresas permaneceram fechadas, o que prejudica a atividade nesta importante praça financeira e econômica.
Nesta segunda-feira, a Bolsa de Hong Kong fechou em baixa de 1,9% e analistas esperam volatilidade nos próximos dias.
O governo britânico expressou inquietação com o que acontece na ex-colônia e pediu às autoridades chinesas e aos manifestantes conversas construtivas, que permitam o avanço da democracia, ao mesmo tempo que o presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, declarou pleno apoio aos manifestantes.
China censura informação
Os manifestantes exigem que Pequim suspenda as restrições ao sufrágio universal em Hong Kong, um território que goza de mais liberdades políticas que o restante do país, como a liberdade de expressão e de manifestação.
O governo central anunciou em agosto que a próxima eleição do líder do Executivo de Hong Kong, em 2017, será realizada por sufrágio universal, mas que só poderão se apresentar dois ou três candidatos aprovados por um comitê leal a Pequim.
Para os ativistas pró-democracia, esta condição é inaceitável.
Além dos estudantes, vanguarda da campanha de protestos, a ampliação do movimento também é resultado do trabalho da 'Occupy Central', a organização pró-democracia mais importante de Hong Kong.
A organização previa inicialmente ocupar a partir de 1 de outubro o bairro financeiro Central, mas como os acontecimentos mudaram rapidamente, decidiu convocar os simpatizantes para as ruas no domingo.
De acordo com a rádio RTHK, 41 pessoas feridas durante os confrontos foram hospitalizadas.
No total, 78 foram detidas por diversos motivos: perturbação da ordem pública, entrada ilegal em prédios do governo ou violência contra representantes da força pública.
A imprensa estatal chinesa afirmou que as manifestações pró-democracia em Hong Kong, estimuladas por "extremistas políticos", estão "fadadas ao fracasso".
As autoridades chinesas censuraram nas redes sociais qualquer informação sobre as manifestações na ex-colônia britânica, incluindo as fotos no aplicativo Instagram.