Organizações de defesa dos direitos humanos anunciaram nesta quarta-feira (1º) que autoridades chinesas detiveram mais de uma dezena de ativistas em todo o país e interrogaram mais de 60 pessoas que expressaram apoio às manifestações pró-democracia que ocorrem em Hong Kong.
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Fontes ligadas a ativistas chineses indicam que as detenções no continente chinês acontecem paralelamente às tentativas das autoridades de Pequim em controlar notícias sobre as manifestações em Hong Kong.
As manifestações intensificaram-se com número crescente de pessoas nas ruas nesses dois dias de feriado, em comemoraração aos 65 anos da proclamação da República Popular da China, pelo Partido Comunista, em 1949.
O presidente chinês, Xi Jinping, manteve silêncio sobre as manifestações na antiga colônia britânica, onde a população exige sufrágio universal para eleição do próximo chefe do Executivo local, em 2017.
De acordo com a plataforma de advogados China Human Rights Defenders (CHRD), cidadãos chineses enfrentam “represálias” desde domingo (28), quando a Polícia de Hong Kong tentou neutralizar as manifestações com gás lacrimogêneo e gás de pimenta.
Conforme representantes do grupo de defesa dos direitos humanos, nos últimos dias pelo menos 12 pessoas foram detidas e muitas outras ameaçadas em todo o país.
A Anistia Internacional afirma ter informações de pelo menos 20 detenções e mais de 60 pessoas interrogadas.
Em comunicado, Willian Nee, da Anistia Internacional, ressaltou que “ cerco aos ativistas na China sublinha os receios dos manifestantes de Hong Kong sobre o aumento do controle de Pequim nos assuntos internos do território”.
A Anistia Internacional apelou para a libertação imediata dos detidos. Segundo o CHRD, entre os ativistas está Wang Long, preso em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong. Ele divulgava mensagem eletrônica sobre os protestos na antiga colônia britânica.
Wang, 25 anos, ficou conhecido no exterior, após ter manifestado, em agosto, a decisão de processar o operador que lhe negou acesso ao Google.
Informações divulgadas pelo CHRD revelam que 20 pessoas foram interrogadas pela polícia em Cantão, no Sul, depois de terem organizado uma concentração de apoio às manifestações de Hong Kong.
Os ativistas Huang Minpeng e Liu Hui foram presos e não puderam se alimentar durante o período da detenção. Em Chongqing, no Sudoeste da China, e em Jiangxi, no Centro do país, também se registraram detenções.
Na edição desta quarta, o jornal People Daily, órgão oficial do regime, informa considerar as manifestações “ilegais” e que provocam “sérias perturbações sociais” em Hong Kong. Os manifestantes “devem enfrentar responsabilidades judiciais” pelas ações que estão cometendo, ressaltou o jornal.
As autoridades chinesas têm intensificado as campanhas contra os dissidentes desde a ascensão ao poder de Xi Jinping, há dois anos. Dezenas de ativistas, jornalistas e acadêmicos têm sido detidos para interrogatórios ou mantidos como prisioneiros desde que o novo chefe de Estado chinês tomou posse.