Combatentes curdos entraram em confronto com militantes do grupo Estado Islâmico nesta sexta-feira (3) perto de Kobani, cidade síria que fica ao longo da fronteira com a Turquia.
A cidade curda e suas proximidades estão sob ataque desde meados de setembro, período no qual militantes capturaram dezenas de vilas curdas próximas. A ação, que obrigou a fuga de cerca de 160 mil sírios para a Turquia, deixou os milicianos curdos em dificuldades para impedir o avanço dos militantes nas proximidades de Kobani, também conhecida como Ayn al-Arab.
O grupo ativista Observatório Sírios pelos Direitos Humanos, que monitora a guerra civil na Síria a partir de sua sede, em Londres, disse que houve intensos combates nesta sexta-feira no leste e sudeste de Kobani e informou que combatentes curdos destruíram dois veículos pertencentes aos militantes. O grupo disse que sete combatentes do Estado Islâmico foram mortos numa vila perto de Kobani.
Nasser Haj Mansour, oficial da Defesa na região curda síria, disse que milicianos curdos rechaçaram o mais recente ataque do Estado Islâmico a leste de Kobani e destruíram um tanque.
A última rodada de combates acontece depois de o primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, ter dito à rede de televisão turca ATV que seu governo não quer que Kobani seja capturada.
Perguntado sobre o que aconteceria se Kobani cair, Davutoglu disse que "não queremos que Kobani caia. Abrimos nossos braços para nossos irmãos que vieram de Kobani. Faremos o que for necessário, o nosso melhor, para evitar a queda de Kobani."
Davutoglu não revelou detalhes. Seus comentários foram feitos depois de o Parlamento turco ter dado ao governo, na quinta-feira, novos poderes para lançar incursões militares na Síria e no Iraque, e permitir que forças estrangeiras usem seu território para possíveis operações contra o Estado Islâmico.
Ao ser perguntado sobre as declarações de Davutoglu, Nawaf Khalil, porta-voz do partido União Democrática Curda, disse: "como ele quer impedir a queda de Kobani se até agora a Turquia não fez nada?"
Khalil afirmou que praticamente todos os civis deixaram Kobani e que a situação ao redor da cidade é "muito perigosa". Segundo ele, os combatentes curdos da cidade "lutarão até o último homem e a última mulher".
O Observatório informou a ocorrência de intensos bombardeios em Kobani e que um voluntário da força curda conhecida como Unidade de Proteção Popular, foi morto. Segundo o grupo, pelo menos 60 bombas atingiram a cidade nesta sexta-feira.
Ismet Sheikh Hassan, ministro da Defesa da região de Kobani, disse que combatentes do Estado Islâmico tentam avançar a partir do leste, oeste e sudeste de Kobani. Ele afirmou que os jihadistas dispararam foguetes contra a cidade e pediu que a coalizão liderada pelos Estados Unidos "atinja os tanques em vez das bases".