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Líderes estudantis aceitam retomar diálogo em Hong Kong sob condições

As autoridades de Hong Kong negaram firmemente no sábado que o governo tenha recorrido à "tríade" para atacar os manifestantes

Da AFP
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Publicado em 05/10/2014 às 8:26
Foto: AARON TAM / AFP
As autoridades de Hong Kong negaram firmemente no sábado que o governo tenha recorrido à "tríade" para atacar os manifestantes - FOTO: Foto: AARON TAM / AFP
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Os líderes estudantis dos protestos em Hong Kong abriram neste domingo (5) a porta ao diálogo com o governo local, após milhares de manifestantes pró-democracia se concentrarem no centro da cidade para denunciar os ataques cometidos contra o movimento.

O principal sindicato estudantil de Hong Kong, que suspendeu as negociações com o governo diante da falta de ação da polícia durante os ataques contra os manifestantes na sexta-feira, admitiu se reunir com as autoridades caso a omissão da polícia seja investigada.

"O governo deve mostrar seu compromisso com a investigação dos fatos (...) e dar uma explicação à opinião pública o mais rápido possível", disse a Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), em referência às acusações de conluio entre as autoridades e a "tríade", a máfia chinesa.

As autoridades de Hong Kong negaram firmemente no sábado que o governo tenha recorrido à "tríade" para atacar os manifestantes. "Estas acusações são fabricadas e excessivas", disse o secretário de Segurança de Hong Kong, Lai Tung-Kwok.

"Quando o governo responder" sobre estes ataques, os estudantes estarão dispostos a negociar novamente", afirmou a HKFS.

A situação continua tensa nas três zonas ocupadas pelos manifestantes na ex-colônia britânica, onde os manifestantes reforçaram as barricadas por temer que se repitam os confrontos de sexta.

Na manhã deste domingo, oitavo dia da onda de protestos pró-democracia, a tropa de choque utilizou gás de pimenta e cassetetes para dispersar manifestantes que cercaram policiais no bairro comercial de Mong Kok, acusando-os de cooperar com membros da "tríade" na repressão aos protestos.

No bairro de Admiralty, próximo à sede do governo e local de acampamento dos manifestantes, milhares de pessoas protestavam sem violência e aos gritos de "paz".

"Os sentimentos estão a flor da pele esta noite (...), mas as pessoas seguem comportadas. Não é como em outros países, que queimam coisas e destroem veículos", disse Chris Ng, uma manifestante de 36 anos.

"A polícia utiliza gás lacrimogêneo e gás de pimenta contra estudantes pacíficos, mas não usa gás lacrimogêneo e gás de pimenta contra as pessoas que nos atacam" - denunciou por alto-falante Lau Tung-kok, entre aplausos da multidão reunida no centro da cidade.

O movimento pró-democracia ocupa vários pontos estratégicos nos bairros administrativos, financeiros e comerciais de Hong Kong, bloqueando avenidas vitais para a circulação na cidade de 7 milhões de habitantes.

A Anistia Internacional denunciou no sábado que mulheres que participaram das manifestações foram vítimas de agressões sexuais e assédio.

"Mulheres e meninas foram alvos de agressões sexuais, assédio e intimidação", assinalou a AI, acusando a polícia de faltar com seu dever de proteger os manifestantes na noite de sexta-feira diante dos ataques da "tríade".

O movimento pró-democracia exige a renúncia do chefe do executivo local, Leung Chun-yuing, considerado um fantoche de Pequim. A China aceita o princípio de eleições por sufrágio universal, mas conservando o controle das candidaturas.

Hong Kong, ex-colônia britânica, enfrenta a sua maior crise política desde a devolução à China, em 1997.

A "revolução dos guarda-chuvas", como é chamada nas redes sociais, tem uma grande repercussão no exterior, onde houve concentrações de apoio em vários países.

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