O Haiti realizará um funeral de Estado para o ex-ditador Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, que morreu no sábado (4) de um ataque cardíaco, informou nesta segunda-feira (6) o governo, em uma decisão que chocou as vítimas de seu regime.
"Deve ser um funeral de Estado, porque é o que o protocolo exige" para um chefe de Estado, disse à AFP Lucien Jura, porta-voz do presidente Michel Martelly.
"No entanto, não sabemos ainda se haverá uma decisão de colocar bandeiras a meio mastro e um período de luto nacional", comentou a porta-voz, sem informar a data do funeral.
A administração Martelly é vista como próxima a figuras da era Duvalier, e o presidente prestou homenagem ao ex-ditador no sábado ao dizer no Twitter que era "um autêntico filho do Haiti".
No entanto, lembrar com honras de Estado o ditador, falecido aos 63 anos de um ataque cardíaco, revoltou a oposição haitiana, que lembrou seu papel e o de seu pai François nos períodos de perseguição sangrenta.
"Em um nível moral, não tem direito a um funeral nacional. Ele foi um ditador que provocou muitos danos ao país", disse o ex-prefeito de Porto Príncipe Evans Paul, antigo opositor de Duvalier.
Mas "ele é um ex-presidente. Tem direito a um funeral especial", disse o coronel da reserva Abel Jerome, figura influente do regime de Duvalier, no domingo à AFP.
"Baby Doc" chegou à liderança do Estado em 1971 com 19 anos, após a morte de seu pai, e governou com mão de ferro durante 15 anos, antes de ser obrigado a se exilar na França, de onde retornou ao Haiti em 2011.
Estima-se que 30.000 pessoas tenham sido assassinadas durante seu mandato e o de seu pai.