O Parlamento do Curdistão iraquiano aprovou nesta quarta-feira (22) o envio de combatentes para lutar contra os jihadistas em Kobane, enquanto o presidente turco criticou duramente Washington por ter lançado armas nesta cidade curda da Síria.
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Reunidos em Erbil, os representantes eleitos da província autônoma do Curdistão "decidiram enviar forças para defender Kobane", a terceira maior cidade curda na Síria, declarou o presidente do Parlamento, Mohammed Yussef Sadek.
A aprovação segue à decisão anunciada na segunda-feira pela Turquia de permitir a passagem através de sua fronteira dos peshmergas, combatentes curdos iraquianos, para ajudar a defender Kobane dos jihadistas do Estado Islâmico (EI).
Nenhuma indicação foi dada sobre o número de peshmergas que poderia ser enviado ou sobre quando chegarão à cidade sitiada. Estes combatentes tiveram um papel crucial na luta contra os jihadistas no norte do Iraque em junho.
Ancara, que tem boas relações com o presidente da região autônoma, Massud Barzani, concordou em permitir apenas o trânsito dos peshmergas, excluindo a passagem de curdos turcos e de outras nacionalidades.
Os curdos que defendem Kobane, membros das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), exigem há semanas um aumento do apoio externo para conter o avanço jihadistas, em maior número e melhor armados do que eles.
Na madrugada desta quarta-feira, violentos combates foram registrados entre as forças curdas e o EI, que "tenta avançar no sudeste, leste e sudoeste da cidade", segundo informou uma autoridade local, Idriss Nassen.
De acordo com Nassen, os agressores foram parados "pelas YPG, que resistem ferozmente".
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou na terça-feira que o EI estaria mobilizando reforços devido as perdas sofridas nos combates dos últimos dias em Kobane.
DECISÃO RUIM - O presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou nesta quarta-feira a decisão dos Estados Unidos de lançar armas às forças curdas de Kobane.
Erdogan afirmou que as armas caíram nas mãos do EI e do Partido da União Democrática (PYD), um grupo sírio curdo que Ancara não apoia. "Agora está claro que (a decisão) foi um erro", disse à imprensa em Ancara.
"Não compreendo o motivo de Kobane ter uma importância estratégica tão grande aos olhos dos americanos. Não há mais civis na cidade", acrescentou Erdogan.
Apesar da pressão dos Estados Unidos, o governo conservador islâmico de Ancara se recusa a intervir militarmente para ajudar os combatentes curdos sírios nesta cidade que se tornou o símbolo da resistência aos jihadistas.
Neste contexto, os aviões da coalizão intensificaram nos últimos dias os ataques no interior e nas imediações de Kobane. Seis novos ataques foram realizados nesta quarta-feira.
A violência na região provocou a fuga de mais de 300.000 pessoas e já matou cerca de 700 outras, segundo o OSDH.
Ainda na Síria, a guerra civil continua com o regime de Bashar al-Assad tentando reconquistar zonas tomadas pelos rebeldes ou pelo EI. As autoridades anunciaram a destruição de dois dos três aviões apreendidos pelos jihadistas durante a tomada de aeroportos militares.
"Os terroristas fizeram três velhos aviões decolar, mas nossos aparelhos destruíram dois deles imediatamente. O terceiro foi escondido", explicou o ministro da Informação, Omrane al-Zohbi.
Além disso, o ministro indicou que "o Estado com suas forças militares e seus aviões proporcionaram apoio militar e logístico e armas e munições à cidade curda de Kobane" em sua luta contra o EI.
No Iraque, onde cerca de 1,8 milhão de pessoas precisou se deslocar devido à ofensiva jihadista desde o início do ano, os estudantes retornaram às escolas com um mês de atraso em várias escolas onde refugiados de todo o país encontraram refúgio.
Nas regiões ainda sob controle do governo, as autoridades "precisaram de tempo para preparar as escolas ocupadas pelos deslocados", atrasando o reinicio das aulas inicialmente previstas para 21 de setembro, segundo a porta-voz do ministério da Educação, Salama al-Hassan.