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Após ataque, Canadá toma consciência da ameaça extremista

A comunidade muçulmana do Canadá teme ser estigmatizada

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Publicado em 23/10/2014 às 18:42
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A comunidade muçulmana do Canadá teme ser estigmatizada - FOTO: Foto: AFP
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Da maneira mais dramática, os canadenses se deram conta de que o extremismo islâmico pode atingi-los diretamente após dois ataques em três dias contra militares e o Parlamento federal, cometidos por homens armados inspirados em jihadistas.

Os habitantes de Ottawa tentavam nesta quinta-feira (23) retomar uma vida normal, apesar da forte presença policial, um dia após a tragédia no centro da cidade. Bandeiras foram hasteadas a meio mastro, assim como em muitas cidades canadenses.

O Parlamento retomou seus trabalhos com uma homenagem ao oficial que matou o atirador na quarta-feira, antes respeitar um minuto de silêncio e cantar o hino nacional.

No entanto, o nervosismo era evidente. No momento em que o primeiro-ministro Stephen Harper entrava em um carro para ir ao Parlamento depois de ter visitado o Monumento aos Mortos, policiais derrubaram e dominaram um indivíduo que estava a poucos metros do chefe do governo canadense.

Na cidade portuária canadense de Halifax (leste), um homem foi detido acusado de ter deixado uma arma em um ônibus.

Deputados e senadores passaram pelo monumento, com alguns depositando flores em homenagem ao soldado Nathan Cirillo, de 24 anos, morto na quarta-feira por Michael Zehaf-Bibeau, de 32 anos.

"Como um homem de cor, eu estou triste e ao mesmo tempo tenho medo das implicações" dos ataques, afirmou à AFP Mazin al-Rasheed, perto do Parlamento. "Espero que as pessoas mantenham a calma e não sejam tomadas pelo medo".

"Eu acordei esta manhã sem me sentir diferente. A vida continua", declarou por sua vez Chris McLachlan, indo para o trabalho perto do Parlamento.

Em três dias, dois agressores agiram sozinhos. Martin Rouleau-Couture atropelou na segunda-feira um militar em um estacionamento antes de ser morto pela polícia. Já Michael Zehaf-Bibeau estava armado com um fuzil e atirou no soldado que fazia a guarda do Monumento aos Mortos de Ottawa antes de invadir o Parlamento.

ASSASSINOS COM "PENSAMENTOS VIOLENTOS" - A morte dos dois militares levanta várias questões sobre as motivações dos agressores.

Os dois adotaram teses jihadistas e estavam na lista dos 90 indivíduos considerados um risco pelos serviços de inteligência. Ambos tiveram seus passaportes cancelados para evitar que se juntassem a combatentes radicais no Oriente Médio.

Michael Zehaf-Bibeau tinha uma personalidade mais próxima de um delinquente do que de um jihadista. Esse morador de Quebec, que tinha acabado de comemorar seus 32 anos, já havia tido problemas com a justiça, mas sem se envolver em crimes mais graves.

A imprensa local o descreve como um jovem perdido, sem raízes familiares fortes e que se aproximou em algum ponto da religião.

A comunidade muçulmana do Canadá teme ser estigmatizada. O imã Sikander Hasni, da Associação Muçulmana Kanata, condenou os ataques nesta quinta, reconhecendo ter "um papel", já que "há pessoas que se casam com pensamentos particularmente violentos e acabam numa radicalização violenta".

Esse líder da mesquita de Ottawa reconheceu, no entanto, que, "às vezes, não há muito a fazer por jovens adultos que sofrem de deficiências mentais ou que se inclinam para o crime".

Os ataques ocorreram no momento em que o Canadá participa do combate a extremistas islâmicos no Iraque ao lado das forças da coalizão internacional.

Nesta quinta, caças canadenses decolaram de uma base em Quebec para em direção a uma base do Canadá no Kuwait.

A determinação do governo continua intacta. A luta contra o terrorismo vai se intensificar, prometeu Stephen Harper em um discurso à nação, lembrando que seu país "não está imune a este tipo de ataque terrorista".

O templo da democracia canadense, o Parlamento, onde todos podiam entrar livremente, foi o alvo. "O Canadá foi abalado (...) mas não vamos vacilar", disse o líder da oposição Thomas Mulcair, do NPD (esquerda).

Como chefe de Estado do Canadá, a rainha Elizabeth II manifestou sua solidariedade aos parentes das vítimas dos ataques. O "príncipe Philip e eu ficamos chocados e tristes com os acontecimentos."

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