Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) realizaram neste sábado (25) um novo ataque em direção à fronteira com a Turquia, ao norte de Kobane, a cidade síria defendida ferozmente pelos curdos, que ainda estão à espera de reforços do Curdistão iraquiano.
Os extremistas, posicionados perto da fronteira com a Turquia, "fizeram disparos de artilharia pesada em direção a fronteira", e pelo menos "quatro morteiros caíram do lado turco", informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia em uma vasta rede de observadores em todo o país.
Enquanto isso, na sexta-feira à noite, os intensos combates foram retomados nas ruas desta cidade sitiada pelos radicais desde 16 de setembro.
Apesar de estarem em menor número e com armas inferiores às dos jihadistas, as forças curdas resistem, mas a chegada de cerca de 1.000 rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL), anunciada na sexta-feira por Ancara, é cada vez mais incerta após líderes curdos sírios garantirem não existir nenhum acordo nesse sentido.
Mas o reforço de cerca de 150 peshmergas (combatentes curdos iraquianos), parece certo e deverá chegar na próxima semana, passando pela fronteira turca.
Ancara concordou em permitir a passagem dos combatentes curdos iraquianos, mas ainda se recusa a deixar que os curdos de outras nacionalidades venham para ajudar as milícias curdas da Síria, considerando-os "terroristas" ligados ao PKK, o partido curdo turco que desde 1984 realiza uma insurgência separatista.
Em todo caso, a oposição síria considera necessário abrir outras frentes de combate contra os jihadistas no país para afrouxar o cerco sobre Kobane.
Uma de cal e outra de areia - As forças curdas no terreno têm recebido apoio desde o final de setembro de uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que desde 8 de agosto realizou mais de 600 ataques aéreos e lançou mais de 1.700 bombas contra posições do EI no Iraque e na Síria.
O mais recente ataque ocorreu sexta-feira à noite no leste de Kobane, de acordo com o OSDH.
Na quinta-feira à noite, as forças da coalizão destruíram um arsenal e um centro de treinamento dos jihadistas na região de Kirkuk, no norte do Iraque, uma operação descrita como "bem sucedida" pelo comando francês.
Mas, apesar do apoio aéreo internacional, os radicais continuaram a ganhar posições no Iraque nos últimos dias.
No norte, o EI voltou a assediar o Monte Sinjar, onde centenas de civis da minoria yazadí se refugiaram em agosto.
No sul, o grupo radical assumiu o controle de uma nova área na província de Al-Anbar, a oeste de Bagdá, e tem quase toda a região sob seu domínio.
Além disso, há uma crescente preocupação sobre o possível uso de armas químicas pelos jihadistas.
O jornal Washington Post revelou que vários policiais iraquianos foram hospitalizados no mês passado com sintomas de envenenamento. O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que os Estados Unidos estão levando "muito a sério" as alegações de que o EI poderia ter usado gás de cloro.