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Mulher é enforcada no Irã por assassinato

Desde a condenação, em 2007, sociedade civil e organizações internacionais de direitos humanos pediam para que mulher fosse poupada

Do JC Online
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Publicado em 25/10/2014 às 11:25
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Desde a condenação, em 2007, sociedade civil e organizações internacionais de direitos humanos pediam para que mulher fosse poupada - FOTO: Foto: Arquivo / AFP
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Uma jovem iraniana de 26 anos, Reyhaneh Jabbari, condenada à morte pelo assassinato de um homem, foi enforcada na manhã deste sábado (25), apesar dos apelos internacionais para poupá-la, informou a agência de notícias oficial Irna.

A Anistia Internacional, que havia afirmado em um comunicado na sexta-feira que a mulher seria executada, condenou o enforcamento da jovem, considerando o ato "uma nova mancha nos direitos humanos do Irã e uma afronta à justiça".

Na página no Facebook criada para apoiar Reynhaneh Jabbari aparece agora a mensagem "Descanse em Paz".

Reyhaneh Jabbari foi condenada à morte pelo assassinato, em julho de 2007, de Morteza Abdolali Sarbandi, um cirurgião e ex-funcionário do ministério da Inteligência, em um julgamento considerado como "parcial" pela Anistia Internacional.

Desde então, artistas e membros da sociedade civil reclamavam clemência, assim como organizações internacionais de direitos humanos.

Um perito especial da ONU sobre o Irã fez um apelo em abril a Teerã para que suspendesse a execução, alegando que o tribunal não havia considerado todas as evidências e que as confissões da decoradora tinham sido obtidas por meio de coação.

De acordo com "fontes confiáveis" citadas pelo especialista, Morteza Abdolali Sarbandi teria agredido fisicamente e sexualmente a jovem que, tentando se defender, esfaqueou o homem antes de fugir e chamar uma ambulância.

Mas a justiça iraniana rejeitou as críticas, afirmando que o assassinato foi premeditado. Reyhaneh Jabbari "comprou uma faca de cozinha (...) dois dias antes da morte", e a utilizou para cometer o crime, segundo um comunicado do procurador federal.

Enfim, ela teria "enviado um SMS a um amigo, no qual diz que iria matá-lo, o que comprova a premeditação e que a afirmação da defesa sobre um estupro é sem fundamento", acrescenta o texto.

A Justiça iraniana havia dado várias oportunidades para a família da vítima perdoa-la, o que, de acordo com a sharia (lei islâmica) em vigor no Irã, permite que uma sentença de morte por assassinato seja anulada em troca de uma sentença de prisão.

Mas a família de Sarbandi se recusou, exigindo, segundo a imprensa, que Reyhaneh Jabbari falasse "a verdade".

"Em sua confissão, ela disse que um homem estava em seu apartamento quando meu pai foi esfaqueado, mas ela se recusa a dar a sua identidade", indicou Jalal, o filho de Morteza Abdolali Sarbandi, à imprensa em abril.

"Se ela disser a verdade, ela será perdoada, se não ela sofrerá retaliação" e, portanto, o enforcamento.

Sob a lei islâmica, assassinato, estupro, assalto à mão armada, tráfico de drogas e adultério são punidos com a pena de morte.

Em 2013, pelo menos 500 pessoas foram executadas no Irã, principalmente por delitos relacionados a drogas, segundo a ONU.

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