Os países da União Europeia (UE) criticaram nesta segunda a Rússia por reconhecer as eleições separatistas no leste da Ucrânia, que deram uma vitória já esperada aos líderes e partidos pró-Rússia, ao destacar que as votações violam os acordos de paz.
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O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que as eleições são "contrárias à letra e ao espírito" da trégua assinada em setembro, com apoio internacional, para acabar com a guerra no leste do país entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-Rússia.
Steinmeier recordou nesta segunda-feira a promessa de Moscou de respeitar "a unidade da Ucrânia". "Julgaremos a Rússia e o presidente (Vladimir) Putin de acordo com suas declarações, segundo as quais a unidade da Ucrânia não será questionada", escreveu Steinmeier no Twitter.
A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, lamentou em um comunicado que as eleições no leste insurgente constituam "um novo obstáculo no caminho da Ucrânia para a paz".
No domingo, os líderes pró-Rússia e seus respectivos partidos conquistaram uma vitória esperada nas eleições presidenciais e legislativas celebradas nos territórios sob seu controle nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Moscou reconheceu as eleições, ao contrário do governo de Kiev, da UE e dos Estados Unidos.
Como no auge da Guerra Fria, as votações aumentaram a tensão entre o Ocidente e a Rússia, país acusado por europeus e americanos de apoiar os separatistas, que têm seu reduto em parte da região industrial de Donbass, não controlada pelo governo ucraniano pró-Ocidente.
Kiev chamou de "farsa" as eleições, que podem consolidar o controle dos separatistas sobre estes territórios, após um conflito de mais de seis meses que já provocou mais de 4.000 mortes.
Rússia respeita o resultado
Moscou anunciou que respeita o resultado das eleições presidenciais e legislativas nas autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk. Também afirmou que os governantes eleitos devem agora "resolver os problemas práticos e restabelecer a vida normal" nestas regiões.
"As eleições nas regiões de Donetsk e de Lugansk aconteceram de maneira calma, com uma taxa elevada de participação", afirma um comunicado do ministério russo das Relações Exteriores.
O vice-chanceler russo aumentou a pressão sobre Kiev ao pedir o fim definitivo das operações militares no leste e uma negociação com os insurgentes em igualdade de condições.
"Este trabalho só pode ser produtivo no contexto de um diálogo equilibrado baseado no respeito mútuo, e se Kiev renunciar às operações militares e às notórias 'operações antiterroristas'", declarou Grigory Karasin à agência de noticias oficial russa TASS.
Durante a votação de domingo, um porta-voz militar ucraniano denunciou o envio "intenso de equipamentos e de tropas" procedentes da Rússia.
Setores as forças reunidas contra os soldados da Ucrânia parecem estar tão fortemente armados e tão bem organizados como um exército regular, e frequentemente são observadas colunas de caminhões militares na área de fronteira.
Correspondentes da AFP no reduto rebelde de Donetsk relataram uma situação tranquila, mas os militares ucranianos afirmaram que impediram um ataque contra um posto de controle ao norte da cidade, matando quatro combatentes insurgentes.
A imprensa ucraniana divulgou imagens de dezenas de caminhões militares sem placas, apresentados como uma "coluna russa nas ruas de Donetsk".
Os insurgentes pró-Rússia iniciaram o conflito em abril, um mês depois de Moscou ter anexado a península da Crimeia, uma decisão que não foi reconhecida pela comunidade internacional.
A Rússia justificou a anexação com a alegação de que precisava proteger os cidadãos de origem russa, majoritários na Crimeia, após a revolta pró-Ocidente e nacionalista que aconteceu em Kiev no fim de fevereiro.
Sobre o leste ucraniano, o governo de Moscou afirma que apenas proporciona aos rebeldes apoio humanitário e político, mas não militar, ao contrário do que afirmam os ocidentais.