México

Traficantes confessam ter matado e queimado estudantes desaparecidos

Segundo o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo Karam, os estudantes foram assassinados após policiais corruptos entregarem o grupo a membros do narcotráfico

Da AFP
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Publicado em 08/11/2014 às 8:31
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Pistoleiros do narcotráfico detidos pela polícia confessaram o assassinato dos 43 estudantes desaparecidos no sul do México, cujos corpos foram queimados, em um crime que comoveu o país, informou nessa sexta-feira (7) a procuradoria-geral.

Segundo o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo Karam, os estudantes foram assassinados após policiais corruptos entregarem o grupo a membros do narcotráfico. Seus corpos, incinerados, foram colocados em sacos de lixo e jogados em um rio.

No total, 43 estudantes da escola Ayotzinapa, do estado de Guerrero, estavam desaparecidos desde que foram atacados pela polícia da cidade de Iguala, na noite de 26 de setembro, sendo entregues posteriormente a um grupo de traficantes de drogas.

De acordo com três pistoleiros, mais de 40 jovens foram levados durante a noite, em três veículos, para o lixão da cidade vizinha de Cocula, onde cerca de 15 já chegaram mortos por asfixia.

"Os demais foram interrogados pelos criminosos para determinar quem eram e os motivos de sua ida a Iguala", antes de sua execução.

"Os corpos foram queimados na parte baixa do lixão", revelou Karam em entrevista coletiva, acrescentando que os traficantes fizeram uma fogueira com gasolina, pneus e outros elementos que ardeu durante 14 horas.

Os estudantes estavam em Iguala para arrecadar fundos para sua escola, e invadiram dois ônibus com a intenção de voltar para casa. A cidade é um conhecido feudo do cartel das drogas "Guerreiros Unidos".

Segundo os pistoleiros, os corpos calcinados foram fraturados, colocados em sacos de lixo e jogados em um rio próximo de Cocula. No lixão, peritos encontraram cinzas e alguns vestígios de ossos humanos.

Murillo Karam destacou que um dos sacos foi encontrado fechado, com restos humanos que dificilmente serão identificados.

Pelo "alto nível de degradação devido ao fogo será muito difícil extrair um DNA que permita a identificação, mas não pouparemos esforços até esgotar todas as possibilidades científicas", disse o procurador.

Murillo Karam lembrou que até que hajam provas científicas da morte dos estudantes, o grupo continuará sendo considerado desaparecido.

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, prometeu punir todos os responsáveis pelo crime. "Aos pais dos jovens desaparecidos e à sociedade como um todo, eu lhes asseguro que não recuarei até que se faça justiça".

Estes "fatos apresentados indignam toda a sociedade mexicana", disse Peña Nieto, que manifestou sua solidariedade e apoio aos familiares dos jovens desaparecidos e reafirmou que "todos os culpados serão castigados com base na lei".

O desaparecimento dos estudantes causou a pior crise da presidência de Peña Nieto, iniciada em 2012, com uma onda de protestos por todo o país, e pressão internacional pela solução do terrível caso.

Os pais dos estudantes insistiram em que seus filhos continuam vivos, recusando-se a aceitar os depoimentos dos acusados, divulgados pela Procuradoria.

"Enquanto não houver provas, nossos filhos estão vivos", declarou Felipe de la Cruz, porta-voz do grupo de pais, em uma entrevista coletiva na escola da comunidade de Ayotzinapa.

"Eles nos dizem a sua verdade, mas para nós é mais uma mentira", disse Felipe de la Cruz.

Os pais pediram ao governo que prossiga com as buscas de seus filhos, e que permita a assistência técnica da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Na terça-feira, a Polícia Federal mexicana deteve o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, apontados como os autores intelectuais do ataque contra os estudantes.

Luis Abarca e a esposa, María de los Ángeles Pineda, eram os fugitivos mais procurados na investigação pelo desaparecimento dos estudantes.

Conhecidos como "o casal imperial", Luis Abarca e María Pineda tinham estreita ligação com o cartel dos Guerreiros Unidos.

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