A Catalunha vota neste domingo (9) sobre sua independência em uma consulta simbólica, mas histórica, para o nacionalismo desta região espanhola e um claro desafio do governo regional à proibição imposta por Madri.
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Cerca de 5,4 milhões dos 7,5 milhões de habitantes da Catalunha pode votar nesta consulta, que consiste nas perguntas "Quer que a Catalunha seja um Estado? Em caso afirmativo, quer que este Estado seja independente?".
As previsões mais otimistas preveem uma participação de dois milhões de pessoas no máximo, já que os partidos favoráveis ao "não" estão promovendo a abstenção. Mais de 1,1 milhão de pessoas participaram na votação até meados do dia.
"Milhares de cidadãos e cidadãs estão participando de forma livre para manifestar sua opinião sobre o futuro político da Catalunha", afirmou a número dois do executivo regional, Joana Ortega, ao anunciar os primeiros dados da participação.
Para o chefe do governo nacionalista Artur Mas, esta votação é apenas um passo para conseguir uma verdadeira consulta de valor legal. "Nós merecemos o direito de votar em um referendo definitivo e isso é algo que deve ser entendido em Madri", afirmou, antes de depositar seu voto em Barcelona.
A votação transcorria tranquila, mas a polícia prendeu cinco pessoas que causaram danos em uma das seções eleitorais em Girona (norte da região).
Os incidentes aconteceram quando cinco pessoas entre 21 e 34 anos entraram na escola de Hotelaria de Girona perturbando os cidadãos que estavam votando e destruindo urnas e outros materiais usados no processo de consulta.
Essa votação marca a escalada da tensão entre o presidente Mas, comprometido com o processo de independência, e o executivo central de Mariano Rajoy, que considera a consulta ilegal.
Ao contrário do Reino Unido, que em 18 de setembro permitiu um referendo em que os escoceses rejeitaram a secessão, Rajoy conseguiu suspender a votação em duas ocasiões recorrendo ao Tribunal Constitucional.
Mas depois de desistir do referendo oficial, Mas ordenou esta votação sem valor jurídico e a manteve, apesar do veto do governo, em uma manobra que pode ser considerada desobediência civil.
Amparando-se na liberdade de expressão do povo catalão, convocou a votação improvisada e que não possui qualquer tipo de acompanhamento oficial.
O dia é histórico para a região orgulhosa de seu idioma e sua importância econômica, ja que representa quase um quinto do PIB espanhol.
A atenção das autoridades não está centrada nos resultados, esperados para segunda-feira, e sim na participação da população, que será divulgado na noite deste domingo.
Uma alta mobilização reforçará a posição separatista visando a negociar um referendo oficial com Madri ou, inclusive, empreender um processo unilateral de ruptura com a Espanha como defende o partido separatista ERC.