Um projeto para encerrar a espionagem em grande escala de registros telefônicos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) não foi aprovado no Senado norte-americano na terça-feira (18), após líderes republicanos terem dito que a lei beneficiaria inimigos dos EUA, incluindo militantes do Estado Islâmico.
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O "Ato de Liberdade dos EUA" foi apoiado por uma incomum coalizão de democratas e republicanos preocupados com a privacidade dos norte-americanos, mas não obteve os 60 votos necessários para avançar, com o resultado final de 58 a favor e 42 contra.
A medida não deve se tornar lei no curto prazo, uma vez que republicanos vão deter a maioria dos assentos no Senado a partir de 1º de janeiro.
O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, atacou o projeto de lei em um discurso no Senado na manhã de terça-feira. Suas preocupações foram refletidas por diversos outros republicanos.
"Se nosso objetivo é degradar e destruir o EI, como o presidente disse, então isso vai exigir políticas mais inteligentes e uma determinação firme. No mínimo, não devemos fazer nada para deixar a situação pior", disse McConnell.
"Obviamente estou decepcionado com a votação de hoje", disse o patrocinador da lei, senador Patrick Leahy, que prometeu não abandonar a luta.
A medida foi a primeira considerada pelo plenário do Senado que tratava de preocupações de privacidade levantadas após as revelações, no passado, do ex-funcionário da NSA Edward Snowden, que mostrou que a inteligência dos EUA estava coletando e armazenando metadados de comunicações, inclusive registros de milhões de telefonemas tanto de americanos como de pessoas de outros países.
Entre outras coisas, o projeto de lei, apoiado por grupos do Vale do Silício e grandes empresas de tecnologia, exige que a NSA peça a uma companhia de comunicação os registros de uma pessoa específica ao investigar um caso de terrorismo, em vez de indiscriminadamente varrer os registros de milhões de pessoas.
A Câmara dos Deputados aprovou uma versão semelhante, mas menos restritiva, do projeto de lei neste ano. A Casa Branca havia apoiado a legislação, negando acusações de que ela beneficiaria grupos terroristas.
Muitas companhias americanas de tecnologia também buscaram realizar mudanças após verem seus negócios sofrerem, à medida que governos estrangeiros se preocupavam com dados que pudessem ser entregues à inteligência norte-americana.
Entre as revelações de Snowden, estava a espionagem americana a países aliados e às chefes de Estado Dilma Rousseff e Angela Merkel. O caso abalou as relações entre o Brasil e a Casa Branca.