As apostas foram lançadas nesta quinta-feira com a aproximação da data limite de 24 de novembro para se alcançar um acordo histórico sobre o programa nuclear do Irã, com o secretário de Estado americano John Kerry viajando a Viena para impulsionar as negociações.
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Nesta reta final, o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, afirmou que Teerã não tem a intenção de ceder terreno em alguns pontos considerados fundamentais pelas grandes potências.
As grandes potências suspeitam que desde 2002 a República Islâmica queira produzir uma bomba atômica, sob o pretexto de um programa nuclear civil. Teerã nega taxativamente.
Os países do grupo "5+1" (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) exigem uma redução da capacidade nuclear iraniana em troca do levantamento das sanções que sufocam a economia do país.
Londres acredita ser necessário "uma flexibilidade considerável" por parte dos negociadores iranianos para se chegar a um acordo final, com o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, dizendo "não estar otimista" sobre as chances de um acordo até segunda-feira.
Mas Washington imediatamente reiterou que continua comprometido com a perspectiva de um acordo para a data prevista.
Kerry em Viena
Em Viena, as discussões iniciadas na terça-feira intermediadas pela representante europeia Catherine Ashton prosseguem nesta quinta-feira sob as mais diversas formas.
A grande manobra diplomática acontecerá com a chegada ainda esta noite de John Kerry, que está atualmente em Paris para consultas com seus aliados.
"O secretário de Estado Kerry irá de Paris para Viena esta noite para as negociações sobre o programa nuclear iraniano", declarou sua porta-voz, Jennifer Psaki.
Após um encontro com seu colega saudita, o príncipe Saud al-Fayçal, na capital francesa esta manhã, o secretário de Estado deverá encontrar o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.
Kerry pode querer garantir a conformidade de opiniões americanas e francesas, enquanto Paris tem adotado até o momento uma postura dura nas negociações.
O príncipe Fayçal, que representa um Estado que teme o seu poderoso vizinho Irã, também é esperado em Moscou na sexta-feira para consultas.
Discreta nos últimos dias, a Rússia garante que a chave para o sucesso em Viena está nas mãos de Washington.
"Muitas coisas dependem da visita de Kerry. O acordo está sujeito à vontade e à capacidade dos Estados Unidos de levantar as sanções", declarou o negociador russo Sergei Ryabkov, citado pela agência de notícias russa RIA Novosti.
Mas o Irã, que deseja obter um acordo reafirmando o seu direito à energia nuclear para fins civis, não tem facilitado a tarefa para os negociadores, afirmando não estar disposto a fazer concessões.
Estoque de urânio
O chefe do programa nuclear iraniano ressaltou que a República Islâmica se recusa a reduzir seu estoque de urânio enriquecido, a limitar suas capacidades de enriquecimento de urânio e modificar seu reator nuclear de Arak, todos os pontos considerados críticos pelos ocidentais em razão de suas possíveis dimensões militares.
Esta questão tem envenenado as relações entre o Irã e o Ocidente há 10 anos. As tensões chegaram até a ameaças de guerra, alimentadas, em especial, pelo medo que um Irã nuclear inspira em Israel e nos países árabes do Golfo.
Qualquer acordo traria fôlego para a economia iraniana, nomeadamente através da retomada da venda e petróleo. Também iria pavimentar o caminho para a normalização das relações entre o Irã e o Ocidente, tornando possível a cooperação, incluindo em crises como no Iraque e na Síria.
A questão é tão importante a ponto de Washington e Moscou colocarem de lado suas divergências para trabalhar sobre esta questão.
Na falta de um acordo em Viena na segunda-feira, especialistas consideram possível um no adiamento da data limite, como tem sido o caso em julho.
No entanto, este atraso é considerado arriscado, pois daria margem à críticas dos dois lados.