O presidente haitiano, Michel Martelly, anunciou na sexta-feira (28) a criação de uma comissão de "personalidades com credibilidade e honestas" para apresentar uma solução à crise do país, após um dia de protestos em que milhares de manifestantes exigiram sua renúncia.
"Meus irmãos e irmãs, o país está dividido, os problemas são numerosos e complicados", admitiu o presidente haitiano em um discurso exibido pelo canal estatal, TNH.
"Criei uma comissão de consultas com personalidades com credibilidade e honestas para fazer recomendações ao presidente, que deve tomar a melhor decisão para desbloquear a crise", declarou Martelly.
Na sexta-feira, milhares de haitianos voltaram a protestar em Porto Príncipe para exigir a renúncia do presidente, do primeiro-ministro Laurent Lamothe e a convocação de eleições livres.
Os manifestantes passaram por alguns minutos diante da sede do governo, no centro da capital.
O mandato do atual Parlamento - 99 deputados e 10 senadores - termina em 12 de janeiro e a não convocação de eleições criaria um vazio político, deixando o caminho aberto para que Martelly governe sozinho.
Há mais de três anos o presidente não consegue organizar eleições para renovar o Parlamento e designar governantes locais.
A comissão, que conta entre os integrantes com um bispo da Igreja Católica, um pastor e um bispo anglicano, também tem, entre outros, dois ex-senadores, um advogado, um historiador, um sindicalista e um líder camponês.
O órgão terá oito dias para apresentar propostas ao presidente sobre uma solução para a crise.
Os manifestantes exigem a convocação de eleições democráticas e transparentes, assim como a libertação de militantes da oposição detidos.