Seis presos de Guantánamo - quatro sírios, um palestino e um tunisiano - foram transferidos da prisão militar americana, onde 136 homens permanecem, para o Uruguai, informou neste domingo o Pentágono.
Os seis homens, que receberam "aprovação para transferência" perante as autoridades americanas, deixaram a base americana na Baía de Guantánamo, localizada em Cuba, a bordo de um avião da Força Aérea dos Estados Unidos à meia-noite (03h00 de Brasília) deste domingo, informou à AFP um porta-voz do Pentágono, Myles Caggins. Segundo o jornal Búsqueada, "os seis presos de Guantánamo chegaram durante a madrugada no Uruguai".
Resta agora 136 detidos em Guantánamo, a maioria dos quais não foram acusados ou levados a julgamento. Sessenta e seis foram considerados "libertáveis" pelas sucessivas administrações de George W. Bush e Barack Obama. Esta nova transferência ocorre após a libertação de sete prisioneiros em novembro, enquanto Barack Obama está comprometido com o fechamento deste centro de detenção polêmico antes do final de seu mandato, em janeiro de 2017.
"Estamos muito gratos ao Uruguai por esta importante ação humanitária e ao presidente (José) Mujica por seu papel fundamental no fornecimento de asilo aos indivíduos que não podem regressar ao seu próprio país", declarou à AFP o enviado especial de Barack Obama, Cliff Sloan, responsável pelo fechamento de Guantánamo.
"O apoio que recebemos de nossos amigos e aliados é fundamental para alcançar o nosso objetivo comum de fechar Guantánamo, e esta transferência é um passo importante em nossos esforços para fechar esta infra-estrutura", acrescentou em um e-mail. Dos seis homens, figura o sírio Jihad Diyab que ao iniciar uma greve de fome pediu à justiça americana de ordenar às autoridades de Guantánamo para parar a alimentação forçada durante a sua greve de fome.
A administração Obama foi orientada por um juiz federal de Washington de tornar públicas as gravações de vídeo da alimentação forçada de Diyab, até então confidenciais, mas as autoridades americanas rejeitaram esta publicação e planeja entrar com um recurso. Ex-guerrilheiro de extrema esquerda, José Mujica, que deixará o cargo em março para abrir caminho para Tabaré Vazquez, do mesmo partido, concordou em aceitar os prisioneiros sob o estatuto de refugiados.
Mas esta transferência, prevista deste agosto, foi adiada por motivos políticos no Uruguai e, finalmente, aconteceu exatamente uma semana após a eleição presidencial no país. Durante a campanha eleitoral que culminou no último domingo com a vitória em segundo turno de Vázquez, Mujica procurou abafar a controvérsia em torno desta medida, afirmando que seria discutido com o próximo governo.