O ex-primeiro-ministro Beji Caid Esebsi venceu as eleições presidenciais com 55,68% dos votos, ficando à frente do atual presidente Moncef Marzuki, anunciou nesta segunda-feira a Comissão Eleitoral.
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Esebsi obteve mais de 1,7 milhão de votos no segundo turno de domingo, contra mais de 1,3 milhão para seu adversário (44,32% dos votos), informou o presidente da comissão, Chafik Sarsar. O ex-premiê e líder do principal partido da Tunísia já havia reivindicado a vitória no segundo turno da eleição realizado no domingo, um resultado contestado por seu adversário.
Em pronunciamento na TV, Essebsi agradeceu aos tunisianos por participarem deste escrutínio histórico, quatro anos após a revolução que depôs o regime de Zine El Abidine Ben Ali. "O futuro próximo e distante nos obriga a trabalharmos juntos pela Tunísia", afirmou, acenando para o adversário, o presidente Marzuki.
Este, por sua vez, rejeitou imediatamente a declaração do opositor, considerando prematuro dizer quem venceu a contenda. A instância eleitoral (ISIE) deve anunciar os resultados nesta segunda-feira. Ele considerou "infundado" o anúncio de vitória do adversário nessas eleições, das quais sairá o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente desde a independência do país, em 1956.
"O que declarou o encarregado da campanha de Beji Caid Essebsi sobre sua vitória clara não tem fundamento", afirmou o diretor de campanha do presidente, Adnene Mancer, evocando uma diferença "muito apertada", de "alguns milhares de votos". Apesar disso, centenas de simpatizantes de Essebsi comemoravam a vitória do candidato em frente ao seu QG de campanha.
Quase 5,3 milhões de eleitores estavam registrados para votar e escolher entre Marzuki, de 69 anos, e Essebsi, de 88, e líder do partido anti-islâmico Nidaa Tunes, vencedor das legislativas de outubro. Com a votação, os tunisianos esperam deixar para trás quatro anos de difícil transição, desde a queda, em janeiro de 2011, de Zine al Abidine Ben Ali, marco da chamada "Primavera Árabe".
Como demonstração do clima de tensão no país, na madrugada de domingo, um homem foi morto quando tentou atacar uma unidade militar que fazia a segurança de material eleitoral em uma escola de Kairuan, na região central do país.
Habib Burguiba, o primeiro presidente do país, e Zine El Abidine Ben Ali, que em janeiro de 2011 fugiu para a Arábia Saudita após uma revolta popular, sempre recorreram à fraude, ou a um tipo de plebiscito. Marzuki foi designado para o cargo após um acordo político com os islamitas do partido Ennahda.