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Papa denuncia perseguição brutal dos jihadistas aos cristãos

Emocionado e indignado, o papa argentino, de 78 anos, pronunciou a bênção ''urbi et orbi'' na Basílica de São Pedro

Da AFP
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Publicado em 25/12/2014 às 14:42
Foto: OSSERVATORE ROMANO / AFP
Emocionado e indignado, o papa argentino, de 78 anos, pronunciou a bênção ''urbi et orbi'' na Basílica de São Pedro - FOTO: Foto: OSSERVATORE ROMANO / AFP
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O papa Francisco denunciou a "perseguição brutal" aos cristãos no Iraque e na Síria praticada pelo grupo Estado Islâmico (EI), durante a mensagem  de Natal, ao mesmo tempo que criticou a violência contra as crianças em meio a "tanta indiferença". 

Emocionado e indignado, o papa argentino, de 78 anos, pronunciou a bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo) na Basílica de São Pedro, diante de uma multidão de fiéis, quase 100.000 pessoas reunidas em um clima nublado, mas agradável.

Sem citar o EI, o pontífice condenou a "perseguição brutal" sofrida por "nossos irmãos e irmãs cristãos do Iraque e da Síria", ao lado de "outros grupos étnicos e religiosos.

"Que o Natal traga esperança, assim como a tantos deslocados e refugiados daquela região e de todo o mundo", disse.

Francisco celebrou o Natal, que lembra o nascimento de Jesus, ao enviar a 1,2 bilhão de católicos do mundo a bênção "urbi et orbi" em um contexto de guerras e de fundamentalismo religioso.

Ao sair do texto, citou as "crianças massacradas nos bombardeios, inclusive onde nasceu o Filho de Deus", na Terra Santa, sem fazer referência a Israel nem aos palestinos por esta violência.

Francisco, que desta vez não fez referência à América Latina, lamentou que na Nigéria "muitas pessoas sejam retidas como reféns ou massacradas".

Também condenou que "tantas crianças (sejam) vítimas da violência, objeto de tráfico ilícito e tráfico de pessoas", em referência ao recente massacre em uma escola do Paquistão, que deixou 149 mortos, incluindo 133 alunos. 

"Muitas crianças são vítimas de abusos e exploradas, sob nossos próprios olhos e com nosso silêncio cúmplice" afirmou. O papa falou ainda sobre as crianças "mortas antes de ver a luz", em uma condenação explícita do aborto.

Ao falar sobre a Ucrânia, o papa apelou para que se vença o ódio e a violência, com "um novo caminho de fraternidade e reconciliação".

Por fim, o pontífice expressou sua solidariedade com as vítimas da epidemia de Ebola, "especialmente na Libéria, Serra Leoa e Guiné". 

"Agradeço de coração aos que estão se esforçando com valentia para ajudar os enfermos e suas famílias", afirmou.

SEGUNDO NATAL, GRANDE POPULARIDADE - O pontífice passa o segundo Natal no comando da Santa Sé, com uma grande popularidade em todo o mundo, inclusive entre alguns ateus e membros de outras religiões.

Na tradicional missa do Galo, celebrada na quarta-feira à noite, Francisco pediu aos católicos que respondam com "ternura" e "doçura" às situações mais duras do mundo.

"Quanta necessidade de ternura o mundo tem hoje!", conclamou ele, diante dos peregrinos.

"Temos a coragem de acolher com ternura as situações difíceis e os problemas de quem está ao nosso lado, ou preferimos soluções impessoais, talvez eficazes, mas sem o calor do Evangelho?", questionou o papa durante a solene homilia celebrada na basílica de São Pedro.

No Oriente Médio, o Natal foi marcado pela guerra e a fuga dos cristãos. Na cidade palestina de Belém, onde segundo a tradição cristã nasceu Jesus, o clima de tensão afugentou os peregrinos estrangeiros.

Este Natal é especialmente difícil para os 150.000 cristãos iraquianos, que vivem uma "situação trágica", nas palavras do patriarca caldeu Louis Raphael I Sako. 

Em uma longa carta dirigida na terça-feira aos cristãos do Oriente, Francisco pediu perseverança, apesar das dificuldades. No dia 24, ele ligou pessoalmente para alguns cristãos refugiados perto de Erbil, no Curdistão iraquiano.

Em Cuba, as celebrações de Natal, que durante muito tempo foram proibidas pelo regime, aconteceram este ano em um clima animado marcado pela aproximação diplomática com os Estados Unidos.

Em Serra Leoa, as celebrações públicas foram proibidas por conta da epidemia de Ebola. Na China, uma cidade do leste do país, Wenzhou, conhecida por sua importante comunidade cristã, proibiu as escolas de celebrar o Natal, considerado muito "ocidental".

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