NOVA YORK - Milhares de policiais - provenientes de diferentes cidades dos Estados Unidos - e o vice-presidente Joe Biden participaram neste sábado do enterro em Nova York do policial de origem porto-riquenha Rafael Ramos, assassinado há uma semana.
Ramos foi morto a sangue frio junto a seu colega Wenjian Liu, de 32 anos, quando se encontravam em sua viatura estacionada em frente a um conjunto habitacional no Brooklyn, por um homem negro que se suicidou pouco depois.
Rafael Ramos, 40 anos, era casado e pai de dois filhos. Wenjian Liu havia se casado há dois meses.
O autor do ataque, Isamaaiyl Brinsley, justificou o crime nas redes sociais afirmando que queria vingar as mortes recentes de dois afro-americanos pelas mãos de policiais brancos.
Evidenciando a persistente tensão entre o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e a polícia da cidade, centenas de oficiais que acompanhavam a cerimônia do lado de fora da igreja protestante Christ Tabernacle, no Queens, deram as costas para o telão quando o prefeito discursou.
Bill de Blasio disse que Rafael Ramos foi um "herói, um homem de paz e de amor", e manifestou suas condolências "a outra família, a da polícia de Nova York, que sofre muito neste momento".
Joe Biden foi aplaudido pelos policiais quando disse que "este assassinato tocou a alma do país". "Acredito que esta polícia e esta cidade incrivelmente diversificada mostrarão aos Estados Unidos como superar as divisões".
O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, garantiu que "ninguém vai derrotar ou dividir a nossa família de Nova York".
O chefe de polícia da cidade, Bill Bratton, destacou a necessidade de uma reconciliação, e salientou que milhares de policiais vieram para o funeral, de diversos Estados do país, como Califórnia, Geórgia e Indiana.
Com 40 anos, casado e pai de dois filhos, Ramos ingressou na polícia em 2012.
Seu velório na sexta-feira na igreja protestante Christ Tabernacle foi uma cerimônia emocionante na qual milhares de pessoas esperaram várias horas para passar em frente ao caixão, coberto com a bandeira verde, branca e azul da polícia de Nova York.
Alguns policiais acusam Bill de Blasio de ter sangue nas mãos por não apoiar adequadamente a corporação quando foi alvo de numerosos protestos após a morte dos cidadãos negros Mike Brown e Eric Garner em ações da polícia.
"O prefeito deve dar mais apoio ao chefe de polícia, deve apoiar os policiais", disse o inspetor aposentado Buddy Mazzio. "Este é um momento difícil para os Estados Unidos".
"É muito difícil... Esperamos que não voltem os anos 70, com suas manifestações. Só queremos que isto pare", acrescentou Michael Palmese, um policial da cidade.
Garner, um afro-americano vendedor ambulante de cigarros e pai de seis filhos, morreu em julho em Staten Island, bairro de Nova York, quando um policial o imobilizou com um estrangulamento que impediu a vítima de respirar.
Michael Brown, um jovem negro de 18 anos, foi morto a tiros por um policial branco em agosto na cidade de Ferguson, Missouri.
Nos dois casos, um grande júri decidiu não levar os policiais envolvidos a julgamento, o que provocou uma onda de indignação no país, com dezenas de manifestações, muitas terminando em confrontos.