Persiste o mistério sobre a quantidade de vítimas no incêndio de um ferry no domingo perto da Albânia. O número no momento é de dez pessoas, embora equipes de resgate continuem buscando nesta terça-feira (30) possíveis desaparecidos no mar.
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Este número não considera os dois marinheiros albaneses que ajudaram os socorristas e foram vítimas do rompimento de um cabo de reboque durante as operações de resgate no mar.
A única certeza é que 427 pessoas, incluindo os 56 tripulantes, foram salvos das chamas durante uma operação de salvamento "sem precedentes", segundo as autoridades italianas.
Mas entre os destroços do ferry incendiado "Norman Atlantic" provavelmente há mais vítimas, disse nesta terça-feira o procurador de Bari(sudeste italiano), Giuseppe Volpe.
O ferry, que continua imobilizado pelos rebocadores a cerca de 25 quilômetros da costa albanesa, no Canal de Otranto, foi totalmente evacuado depois da saída de seu comandante, o último a abandonar o barco, na segunda-feira à tarde.
Entretanto, dezenas de passageiros continuavam esperando nesta terça-feira pela manhã seu retorno a terra firme.
O barco militar italiano "San Giorgio", que recebeu a bordo mais de 180 sobreviventes, permanecia nesta terça-feira na área do acidente, buscando possíveis desaparecidos. Esse navio, cuja chegada era esperada nesta manhã no porto de Brindisi (sudeste da Itália), não deve chegar nesse local até o entardecer, informou à AFP um oficial da marinha italiana.
Um cargueiro com capacidade de cerca de 50 passageiros a mais do que o "Norman Atlantic" é aguardado nesta terça-feira em Manfredonia, na costa oriental da Itália, segundo as autoridades marítimas italianas.
Muitos dos sobreviventes saíram ilesos, mas alguns apresentaram sintomas de hipotermia e problemas respiratórios.
A incerteza sobre o número exato de passageiros que embarcaram no ferry continua, sobretudo porque o barco fez uma escala depois de partir do porto grego de Patras.
A lista de embarque do "Norman Atlantic", de bandeira italiana e fretado pela companhia grega Anek, indicava, em um primeiro momento, 478 pessoas a bordo, das quais 422 eram passageiros. No entanto, a companhia alterou esse número para 475 no início da noite de segunda-feira.
"É absolutamente prematuro falar de desaparecidos", disse na segunda-feira o ministro italiano do Transporte, Maurizio Lupi, destacando as dúvidas sobre a exatidão da lista de embarque.
Alguns dos sobreviventes nem figuravam na lista, explicou Lupi, que indicou a presença de passageiros clandestinos.
De acordo com o ministro, dos 371 passageiros resgatados, 234 eram gregos, 54 turcos, 22 albaneses, 22 italianos e dez suíços, sem contar as outras nacionalidades.
"Nove dos dez franceses que se encontravam a bordo foram localizados e socorridos", informou o governo francês, que não deu detalhes sobre o décimo.
As autoridades marítimas italianas, gregas e albanesas realizam buscas desde a manhã de domingo em um corrida contra o tempo para resgatar centenas de homens, mulheres e crianças em meio a ventos glaciais e a uma espessa fumaça que atrapalhou durante muito tempo os socorristas.
A justiça italiana tenta agora esclarecer as circunstâncias da tragédia e apontar os responsáveis. Alguns passageiros já denunciaram a falta de preparo dos tripulantes. Outros, como a cantora grega Dimitra Theodossiou, denunciaram na imprensa a brutalidade de alguns passageiros, decididos a ser os primeiros a embarcar.
A investigação aponta o comandante, considerado pelos meios de comunicação nacionais um herói, e o chefe-executivo da embarcação como responsáveis pelo "naufrágio" e por "homicídios culposos".
O barco está sob embargo judicial, informou o ministério do Transporte.