O movimento islamita palestino Hamas condenou neste sábado (10) o atentado jihadista contra a revista francesa Charlie Hebdo que matou 12 pessoas. "O Hamas condena as agressões contra a revista Charlie Hebdo e insiste no fato de que a diferença de opiniões e de pensamento não pode justificar a morte", afirma o comunicado oficial escrito em francês.
O movimento responde assim às acusações do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que associou o Hamas e o Hezbollah a movimentos jihadistas, notadamente o Estado Islâmico. "O Hamas condena as tentativas desesperadas do primeiro-ministro israelense de fazer uma ligação entre, de um lado, nosso movimento e a resistência de nosso povo, e, do outro, o terrorismo através do mundo. Essas tentativas infelizes estão condenadas ao fracasso", afirma o comunicado.
Na véspera, o chefe do Hezbollah xiita libanês também fez uma declaração a respeito da situação, afirmando que os jihadistas que realizam atentados no mundo são mais nocivos para o Islã que as obras que fazem piada com Maomé, sem se referir, no entanto, ao ataque contra a revista Charlie Hebdo em Paris.
"Neste momento, é mais do que nunca necessário falar do profeta devido à conduta de alguns grupos terroristas que reivindicam defender o Islã", afirmou Hassan Nasrallah, cujo partido xiita combate os movimentos jihadistas sunitas na Síria com o regime de Bashar al-Assad.
"Através de seus atos imundos, violentos e desumanos, estes grupos atentaram contra o profeta e os muçulmanos mais do que fizeram seus inimigos (...) mais que os livros, os filmes e as caricaturas que injuriaram o profeta", acrescentou o chefe do Hebollah, em um discurso televisivo. "Os piores atos são os que prejudicaram o profeta em sua história", prosseguiu Nasrallah.
Referia-se, sobretudo, ao famoso romance de Salman Rushdie, "Os Versos Satânicos", pelo qual o autor foi alvo de uma fatwa emitida pelo aiatolá Khomeini em 1989, ao vídeo anti-islã "A inocência dos muçulmanos" que provocou violentas manifestações no mundo muçulmano em 2012; e às caricaturas de Maomé publicadas em um jornal dinamarquês em 2005 e republicadas pela revista Charlie Hebdo.
Nasrallah não mencionou ou condenou o ataque contra a Charlie Hebdo.
Durante a crise das caricaturas do jornal dinamarquês, o Hezbollah, como muitos partidos islâmicos, condenou os desenhos e convocou manifestações.
Nasrallah se referiu, no entanto, à França ao afirmar que após as atrocidades cometidas pelos jihadistas em Síria, Iraque, Líbano, Paquistão, Afeganistão e Iêmen, "o flagelo alcançou agora os Estados que exportaram (estes extremistas) para nossos países".