França

Após post, humorista francês será investigado por 'apologia ao terrorismo'

Dieudonné M'Bala M'Bala já foi processado diversas vezes por instituições judaicas

Da Folhapress
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Publicado em 12/01/2015 às 16:53
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O Ministério Público de Paris abriu nesta segunda-feira (12) uma investigação por "apologia ao terrorismo" contra o humorista Dieudonné M'Bala M'Bala, conhecido na França pelo seu antissemitismo.

Na noite de domingo (11), ele postou em seu Facebook "eu me sinto Charlie Coulibaly", em referência à frase "Je suis Charlie" (eu sou Charlie, em português) que tomou conta da França após os atentado jornal satírico "Charlie Hebdo". Dieudonné uniu o primeiro nome do periódico com o sobrenome de Amedy Coulibaly, terrorista que invadiu uma loja kosher, fez reféns e matou quatro deles -todos judeus- na sexta (9), antes de ser morto pela polícia.

O humorista é um velho conhecido das autoridades francesas. Processado diversas vezes por instituições judaicas, ele já foi condenado sete vezes a pagar multas por causa de atitudes racistas, mas não as pagou e se declarou insolvente, apesar do sucesso de público de seus espetáculos

Em janeiro de 2014, vários de seus espetáculos foram proibidos pela Justiça. Os advogados e fãs do humorista então denunciaram o que seria censura contra o espetáculo "O Muro" do comediante. Na exibição, ele critica os judeus.

Manuel Valls, -hoje primeiro-ministro e na época ministro do Interior- que ordenou as suspensões, disse que era necessário combater as palavras "antissemita" e "racista". Na oportunidade, Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional, partido de extrema-direita francês, saiu em defesa do comediante, alegando que a proibição se tratava de censura.

Dieudonné também popularizou na França um gesto chamado "quenelle", que consiste em estender um braço em direção ao chão e cruzar a outra sobre o ombro, o que muitos associaram à saudação nazista. O humorista já havia enfrentado acusações de "apologia ao terrorismo" antes.

Quando se deu a divulgação do vídeo da decapitação do jornalista americano James Foley pelo Estado Islâmico, ele comparou o ato às mortes violentas de Muammar Gaddafi e de Saddam Hussein. "A decapitação simboliza o progresso, o acesso à civilização", disse, em referência às duas mortes, nas quais o Ocidente teve participação, já que derrubou Saddam no Iraque e contribuiu com insurgentes líbios que mataram Gaddafi.

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