Dezenas de pessoas se manifestaram nesta terça-feira na cidade paquistanesa de Peshawar (norte) em homenagem aos irmãos Kouachi, autores do ataque contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo que deixou 12 mortos na quarta-feira.
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Os assassinos Cherif e Said Kouachi, abatidos pela polícia na sexta-feira, disseram ter agido para vingar o profeta Maomé, que a revista havia representado em várias caricaturas.
Embora tenha reunido poucas pessoas, o evento demonstra a ira que as representações do profeta podem provocar em alguns lugares do mundo, em particular no Paquistão, onde as duras leis sobre a blasfêmia punem os insultos a Maomé com penas de morte.
O clérigo local Maulana Pir Mohamed Chishti conduziu as orações de 60 pessoas em memória dos Kouachi, chamados de mártires pelos presentes.
Também gritaram "Morte às publicações da Charlie Hebdo!", "Longa vida a Cherif Kouachi!", "Longa vida a Said Kouachi!" e beijaram fotos dos irmãos.
"Estes dois irmãos pagaram a dívida de todos os muçulmanos no mundo e apresentamos a eles nossa homenagem e respeito", disse Chishti.
Aurangzeb Alhafi, professor de Estudos Islâmicos na Universidade de Punjab, em Lahore (leste), disse ter ido rezar cumprindo com um dever religioso.
"Se a liberdade de expressão se detém ao mencionar o Holocausto, isso também deveria ocorrer em honra ao nosso profeta", declarou à AFP.
Quatorze pessoas estão no corredor da morte no Paquistão por suas leis contra a blasfêmia que, segundo as ONGs, são utilizadas com frequência para perseguir as minorias e ajustar contas pessoais.
A capa do próximo número da Charlie Hebdo, que será publicado na quarta-feira, mostra um desenho do profeta Maomé com uma lágrima nos olhos e carregando um cartaz com a frase "Je suis Charlie", lema das manifestações que lotaram as ruas da França no domingo, em homenagem às 17 vítimas dos atentados da semana passada em Paris.