O santo cingalês Joseph Vaz, canonizado nesta quarta-feira em Colombo, serviu a todos os habitantes do Sri Lanka sem distinção, e com seu exemplo a Igreja deve "servir a todos os membros desta sociedade", convocou nesta quarta-feira o papa Francisco.
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"A Igreja serve a todos os membros da sociedade sem fazer distinção de raça, de credo, de pertencimento tribal, de condição social, nem de religião no serviço que oferece através de suas escolas, seus hospitais, clínicas, e outras muitas obras de caridade", recomendou Francisco em uma missa em Galle Face Green, em frente ao mar da capital.
"Ela pede apenas liberdade para cumprir sua missão. A liberdade religiosa é um direito humano fundamental", afirmou diante de uma imensa multidão estimada entre 500.000 e um milhão de pessoas em seu segundo dia de visita ao Sri Lanka, centrada na reconciliação entre as comunidades.
A violência religiosa aumentou recentemente no Sri Lanka, majoritariamente budista, onde grupos nacionalistas deste credo atacam mesquitas e igrejas para denunciar a influência, segundo eles injustificada, destas minorias religiosas.
"Todo indivíduo deve ser livre, sozinho ou associado a outros, para buscar a verdade, expressar abertamente suas convicções religiosas, livre de intimidações e de coações exteriores", insistiu o Papa. A Ilha segue dividida entre a maioria cingalesa e a minoria tamil, apesar do fim da guerra civil em 2009, quando o exército esmagou a rebelião tamil.
"Como a vida de Joseph Vaz nos ensina, a autêntica adoração a Deus conduz não à discriminação, nem ao ódio e à violência, mas ao respeito da sacralidade da vida, ao respeito da dignidade e da liberdade dos outros, e também ao compromisso afetuoso pelo bem-estar dos demais", ressaltou.
O Papa lembrou o destino original deste missionário proveniente da Índia no século XVII, que se vestia como um mendigo para se misturar aos católicos perseguidos e que obteve o apoio do rei budista.
"Durante uma epidemia de varíola, seu ministério com os doentes foi tão apreciado pelo rei que foi acordada a le uma maior liberdade", lembrou Francisco. "Que os cristãos (7% da população) desta nação possam fornecer uma contribuição cada vez maior à paz, à justiça e à reconciliação da sociedade cingalesa", pediu o Papa.
Nesta sétima viagem para fora da Itália desde sua eleição, em 2013, Jorge Bergoglio tem a chance de se reencontrar com as multidões asiáticas, que já lhe deram uma acolhida triunfal em agosto na Coreia do Sul. Na quinta-feira viajará às Filipinas, com 85% de católicos, onde foram decretados cinco feriados por sua visita em Manila e são esperadas imensas multidões.