O Exército do governo líbio reconhecido internacionalmente anunciou uma trégua, neste domingo (18), dois dias após uma aliança de milícias islamitas fazer o mesmo.
O objetivo é apoiar as negociações em Genebra que buscam colocar fim ao conflito que atinge o país desde a queda de Kadhafi.
Em nota, o Estado-Maior líbio afirmou que abrirá "um cessar-fogo em todas as frentes, que vai entrar em vigor à meia-noite (20h em Brasília)", e reforçou que continuará perseguindo "terroristas", em referência aos islamitas radicais que agem no leste e no sul do país.
O porta-voz do Estado-Maior, coronel Ahmed Mesmari, disse que a decisão foi tomada para "apoiar as negociações de Genebra". Segundo ele, o Exército se manterá equidistante de todos os grupos políticos na Líbia e não será "parte integrante" das discussões.
A missão da ONU na Líbia (Misnul) comemorou as declarações unilaterais de cessar-fogo, interpretando-as como "um sinal animador para criar uma atmosfera favorável ao diálogo político".
A Misnul pediu às partes que respeitem o cessar-fogo tanto em operações terrestres, quanto nas marítimas e aéreas, e disse esperar que a trégua permita a entrada de ajuda humanitária para atender aos civis deslocados pela violência.
Vários partidos líbios participaram, nas últimas quarta e quinta-feira, de uma reunião em Genebra mediada pela ONU para negociar a formação de um governo de unidade nacional e pôr fim ao caos vivido no país desde o final do regime de Muamar Kadhafi, em outubro de 2011.
As milícias que derrotaram o ditador Kadhafi disputam o território e as riquezas petrolíferas da Líbia e controlam as duas cidades mais importantes do país, Trípoli e Benghazi (leste). A situação se agravou nos últimos meses, com o surgimento de dois governos e dois parlamentos paralelos.
NOVAS NEGOCIAÇÕES - "O Exército se compromete com o dever de proteger o povo sírio, de garantir a segurança e estabilidade do país e de combater o terrorismo e a anarquia, seja qual for o estado das negociações", disse Mesmari.
A Fajr Libya, uma coalizão heterogênea de milícias, na maioria islamita, formada com o controle de Trípoli e de Misrata, a terceira maior cidade do país, anunciou o cessar-fogo em todas as frentes, desde que as outras partes respeitem a trégua.
A decisão da Fajr Libya, que não participa das negociações de Genebra, foi comemorada no sábado pelo Conselho de Segurança da ONU, que aproveitou para demonstrar seu apoio à segunda sessão das negociações de paz. O órgão instou as partes beligerantes ao diálogo, enquanto a União Europeia convidou aqueles que boicotaram as discussões a se juntar a elas.
Neste domingo, o Congresso Geral Nacional (CGN), baseado em Trípoli e que não esteve nas primeiras negociações apesar dos convites enviados a muitos de seus membros, afirmou que não irá a Genebra e que participará somente se as discussões acontecerem em território líbio.
Na primeira sessão celebrada nesta sexta-feira, os participantes chegaram a um acordo sobre uma agenda com vistas a formar um governo de unidade e pediram o fim das hostilidades para facilitar o diálogo.
O cessar-fogo da Fajr Libya não garante, contudo, o fim da violência. No sábado, a embaixada da Argélia em Trípoli foi atacada, deixando três feridos, entre eles um policial. A facção líbia do grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.