Um dos mais premiados jovens documentaristas do mundo por seu trabalho sobre a história da Indonésia, o americano Joshua Oppenheimer afirmou à reportagem considerar as execuções feitas pelo país asiático no último final de semana atos "sem sentido e vergonhosos", cometidos por um Estado comandado por assassinos.
Dentre os mortos estava o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, condenado à morte por tráfico de drogas. Archer escolheu ser fuzilado em pé. Ele foi o primeiro brasileiro na história a ter sido executado no exterior.
"Qual o sentido dos assassinatos cometidos pelo Estado indonésio nesse final de semana? Sem sentido e vergonhosos, eles só podem ser entendidos como a mais recente demonstração do poder letal desse Estado, feita para mais para chocar e aterrorizar do que para demonstrar qualquer noção de justiça significativa", afirmou por e-mail o cineasta, de 40 anos.
"A Indonésia é um país comandado, em grande medida, por homens que assassinariam mais de um milhão de pessoas. Não é portanto uma surpresa que eles ainda pratiquem essa abominação que é a pena de morte."
É sobre justamente as pessoas que comandam a Indonésia que a obra de Oppenheimer trata. Ele fez três filmes sobre o país, os dois últimos focados nos assassinos e torturadores que ajudaram a ditadura que dominou aquele país entre os anos 1960 e 1990 a matar entre 500 mil e 1,5 milhão de pessoas --e cujos remanescentes ainda hoje dominam a cena política local.
Em seus filmes, Oppenheimer perfila esses homens, hoje tidos como heróis nacionais, e os pede para reencenar as atrocidades que cometeram.
O primeiro, "The Act of Killing" [o ato de matar], foi indicado ao Oscar do ano passado após uma carreira com dezenas de prêmios. O segundo, "The Look of Silence" [o olhar do silêncio], é uma sequência do primeiro. Lançado no ano passado, também já venceu diversos prêmios.