A Ucrânia prepara neste domingo (25) uma resposta militar aos separatistas pró-russos no leste, após a morte de 30 civis em um bombardeio em Mariupol atribuído aos rebeldes, que anunciaram uma ofensiva contra este porto estratégico.
O presidente ucraniano, Petro Porochenko, declarou neste domingo que "não há alternativa" aos acordos de paz assinados em setembro com os separatistas pró-russos após o ataque de sábado.
"A Ucrânia é partidária de uma solução pacífica para o conflito. Nós não vemos alternativa aos acordos de Minsk", declarou Poroshenko durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional e Defesa.
Durante a reunião, as autoridades de Kiev tentam definir "medidas adicionais, considerando uma súbita deterioração da situação no leste".
Os ocidentais condenaram fortemente o ataque contra a última grande cidade do leste separatista sob controle de Kiev, com alguns evocando novas sanções contra a Rússia, acusada de apoiar militarmente a rebelião.
O conflito no leste separatista pró-russo experimentou, no sábado, um ponto de viragem com o bombardeio com lançadores múltiplos de foguetes Grad a um bairro densamente povoado de Mariupol, que deixou pelo menos 30 mortos e centenas de feridos.
Kiev acusou os separatistas e a Rússia de serem responsáveis pela tragédia.
Observadores da OSCE presentes no local do ataque, concluíram no sábado que os disparos foram feitos a partir de posições controladas pelos rebeldes e que alguns foguetes caíram a 400 metros de um posto de controle do exército ucraniano.
Poucas horas após o bombardeio, o líder da autoproclamada república separatista de Donetsk, Alexander Zakharchenko, declarou que tinha lançado uma ofensiva contra Mariupol, uma cidade industrial de meio milhão de habitantes, cuja conquista permitira a criação de uma ligação terrestre entre a Rússia e a Crimeia, anexada em março por Moscou, mas altamente dependente de Kiev para o seu abastecimento de água, eletricidade e comida.
Zakhartchenko negou a responsabilidade dos rebeldes neste bombardeio.
Escalada perigosa
O secretário do Conselho ucraniano de Segurança Nacional e Defesa, Olexandre Turchinov, considerou no sábado que o presidente russo, Vladimir Putin, era "pessoalmente responsável" pela escalada do conflito.
Segundo a representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, esta escalada vai, "inevitavelmente, causar uma grave deterioração nas relações entre a UE e a Rússia", já fortemente atingidas pelas sanções da UE e dos Estados Unidos.
De acordo com fontes da UE, os 28 ministros das Relações Exteriores poderiam ser convocados esta semana para discutir a questão da Ucrânia.
A Letônia, atual presidente da UE, pediu novas sanções contra a Rússia, "totalmente responsável pelo ataque dos separatistas contra Mariupol", segundo um tuíte do chefe da diplomacia, Edgars Rinkevics.
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu a Moscou "o fim imediato" de seu apoio aos separatistas, enquanto o vice-presidente Joe Biden se reuniu no sábado com o presidente ucraniano.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, julgou, por sua vez, "muito perigosa" a escalada na Ucrânia.
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, "condenou veementemente" o bombardeio, assim como a OSCE e a Otan.
No sábado à noite, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU tentaram, sem sucesso, desenvolver uma declaração sobre Mariupol, por iniciativa de Londres. Mas a Rússia bloqueou esta iniciativa, de acordo com diplomatas ocidentais.
O ataque ocorreu dias após o abandono por parte do exército do aeroporto de Donetsk, local altamente simbólico.
"Este é mais um passo na escalada do conflito. O objetivo deste ataque é desacreditar o governo ucraniano e causar protestos em cidades próximas da frente de combate", acredita Oleksii Melnik, analista do centro independente de Razumkov.
De acordo com o ministro da Defesa, Stepan Poltorak, os rebeldes estão instalando nos arredores de Mariupol lançadores múltiplos de foguetes e a presença militar ucraniana foi reforçada.
Kiev denuncia desde o início da semana a entrada de batalhões russos na Ucrânia.