O arquipélago equatoriano de Galápagos, um dos ecossistemas mais frágeis do mundo e patrimônio da humanidade, enfrenta uma nova ameaça, provocada após o encalhe, na quarta-feira, de um navio, que já derramou substâncias tóxicas no mar.
O Comitê de Operações de Emergências (COE), que avalia a situação do navio "Floreana", carregado com produtos tóxicos, pediu neste sábado que se declare emergência ambiental para enfrentar possíveis danos ecológicos e sejam tomadas medidas para garantir o abastecimento de combustível e alimento às ilhas, que têm 26.000 habitantes e ficam no Oceano Pacífico, a 1.000 km da costa equatoriana.
"As declarações de emergência permitirão às autoridades dispor de recursos econômicos imediatos para enfrentar a situação", explicou à AFP uma fonte do Parque Nacional Galápagos (PNG), encarregado de proteger a flora e a fauna únicas no mundo, existentes nesta jurisdição.
"Floreana" encalhou na baía Naufragio, de Puerto Baquerizo Moreno, capital da ilha San Cristóbal.
A embarcação, que já libera contaminantes, atolou com 1.400 toneladas de carga, que inclui suprimentos e substâncias perigosas, como 10 mil galões de combustível, 11 toneladas de óleo de pinha, 103 botijões de gás para uso doméstico e 48 toneladas de emulsão asfáltica.
Além de possíveis danos ambientais, uma vez que já foram registrados vazamentos, controlados com barreiras de contenção e elementos absorventes, complica-se o abastecimento de comida e combustíveis na ilha, devido à perda, desde maio passado, de três dos cinco navios de carga que operam para esta região.
O Parque Nacional Galápagos informou que seu pessoal "intensifica as ações para reduzir os riscos ambientais provenientes do vazamento de materiais contaminantes no mar".
Ao redor do "Floreana", segundo o organismo, "confirma-se a presença de material contaminante, uma mistura de diesel e óleo hidráulico, entre outras substâncias, produto da inundação da casa de máquinas".
Os produtos perigosos já foram retirados, segundo o Comitê de Operações de Emergências, que solicitou ao dono do navio a "salvatagem da embarcação acidentada", que implica em sua retirada da reserva marinha para "prevenir futuros danos ambientais".
"Uma das alternativas é tirá-lo da reserva marinha protegida e naufragá-lo, mas isto depende do que resolver o armador (proprietário)", disse uma fonte do PNG à AFP.
Em maio do ano passado, o navio de carga "Galapaface I", com 19 mil galões de diesel e 300 de lubrificantes, ficou parado perto de Punta Carola, também em San Cristóbal, sofrendo sérios destroços em seu casco e obrigando a declaração de emergência ambiental.