O vice-presidente da organização judaica argentina DAIA, Waldo Wolf, disse que espera que os juízes não tenham medo para se encarregar da polêmica denúncia contra a presidente, Cristina Kirchner, apresentada pelo promotor Alberto Nisman pouco antes de morrer.
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O juiz Ariel Lijo, que havia recebido inicialmente a denúncia sobre o atentado antissemita de 1994 contra a organização judaica AMIA, com 85 mortos em Buenos Aires, se declarou incompetente por não existir conexão com outras causas de que era encarregado, e esta recaiu sobre o juiz Daniel Refecas, que declarou que não pegaria a causa porque estaria de férias.
"Não tenham medo. Se tiverem medo, que se afastem e se dediquem a outra coisa", disse Wolff em declarações à rádio La Red.
"Somos pacientes. Em algum momento vamos ter um juiz", assegurou o líder da DAIA, organização composta por cerca de 140 instituições da comunidade judaica na Argentina, de 300.000 membros, a mais importante da América Latina.
A denúncia passou para o substituto de Rafecas, o juiz Sebástian Ramos, que não havia expressado sua decisão.
Nisman acusou no dia 14 de janeiro a presidente Kirchner, o chanceler Hécter Timerman e outros ligados ao governo de executar um plano para encobrir os iranianos suspeitos de ter participado do atentado contra a AMIA.
Além disso, acusou a presidente de ter pedido à Interpol que arquivasse os mandados internacionais de prisão dos iranianos, mas o ex-secretário feral da organização policial, Ronald Noble, desmentiu.
A denúncia apresentada pelo promotor sustenta que Kirchner tentava conseguir petróleo do Irã em troca de encobrir os iranianos, embora o cru que Teerã exporta não sirva para ser processado na Argentina.
Quando a apresentou, a denúncia de Nisman teve uma grande repercussão e o caso teve um impacto maior no governo e no país com a morte do fiscal, quatro dias depois - 18 de janeiro -, por um aparente suicídio que é investigado como uma morte duvidosa.