Noventa e sete por cento das crianças que perderam um ou dois pais na epidemia de Ebola na África Ocidental encontraram uma família de acolhida, após um período de isolamento devido a sua estigmatização, anunciou a Unicef nesta sexta-feira.
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A epidemia iniciada em dezembro de 2013 deixou 13.000 órfãos de pai ou mãe em Guiné, Libéria e Serra Leoa, e 4.000 crianças perderam seus dois pais, segundo a agência das Nações Unidas para a Infância. A imensa maioria foi acolhida por outros familiares, como costuma ocorrer nas sociedades africanas.
"Depois de ter superado seus temores e preconceitos iniciais sobre o Ebola, as famílias forneceram um apoio incrível ao dar seus cuidados e proteção às crianças cujos pais faleceram", comemorou o diretor regional da Unicef, Manuel Fontaine, em um comunicado.
No auge da epidemia, no outono, a Unicef temia que a epidemia mortífera, até agora desconhecida na África Ocidental, rompesse a tradicional solidariedade das famílias africanas. Algo que nem mesmo o HIV conseguiu.
Desde então, a epidemia freou sua expansão nos três países mais afetados, embora as estatísticas do fim de janeiro indiquem um novo aumento do número de casos.
"Nossos sócios me repetiram que o último quilômetro da corrida contra o Ebola será o mais duro", declarou na quinta-feira em Nova York o diretor de operações do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), John Ging.
Apesar dos avanços, "seguem ocorrendo muitos casos que não podemos detectar", à margem das redes de contaminação já conhecidas, ressaltou.
A epidemia na África Ocidental, a mais grave desde que o Ebola foi identificado no centro do continente, em 1976, deixou cerca de 9.000 mortos identificados, um número que, segundo a OMS, pode ser mais alto.
Em todo o mundo 22.500 pessoas contraíram o vírus.