Muitas organizações, políticos opositores e intelectuais exigiram que o caso da morte do promotor Alberto Nisman seja controlado pela Suprema Corte, em um anúncio pago publicado neste domingo (8) em jornais argentinos.
Sob o título "O direito à verdade", os signatários exigem que o máximo tribunal supervisione o esclarecimento definitivo do caso da mutual judia AMIA, que tem mais de 20 anos, das denúncias contra o governo e da morte recente de Alberto Nisman.
Nisman apareceu morto com um tiro na cabeça em 18 de janeiro, quatro dias depois de ter acusado a presidente Cristina Kirchner de tentar acobertar iranianos acusados pelo atentado contra a mutual judia AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.
Nisman morreu poucas horas antes de comparecer no Congresso para dar detalhes de sua denúncia.
O promotor estava há mais de dez anos à frente de uma unidade especial encarregada de investigar o atentado contra a AMIA e havia pedido a captura de ex e de atuais funcionários de Teerã e de um libanês.
A nota, liderada pela AMIA, está assinada por muitas associações empresárias, como as câmaras de comércio dos Estados Unidos e Canadá na Argentina e políticos da oposição, como os presidenciáveis Sergio Massa (peronista) e Mauricio Macri (direita).
A causa da morte do promotor está rotulada como "morte duvidosa" e o leque de possibilidades inclui suicídio, suidício induzido e assassinato.
No decorrer desta semana é esperado o depoimento do ex-agente da inteligência Antonio 'Jaime' Stiuso, colaborador próximo de Nisman na investigação sobre o atentado.
Segundo os meios de comunicação, a promotora Viviana Fein, a cargo do caso pela morte de Nisman, não irá informar quando ou onde Stiuso prestará testemunho, depois de ter recebido na última quinta-feira o advogado do ex-agente, Santiago Blanco Bermúdez.
A intimação de Stiuso, conhecido como o espião mais poderoso do país, foi feita em função das indicações de que falou por telefone com Nisman por 12 minutos na noite de sábado, véspera do dia 18 de janeiro, quando o promotor foi achado morto.
Stiuso, cuja verdadeira idade, nome e assinatura são desconhecidos, ganhou fama de "intocável" graças a supostos documentos secretos com os quais conseguiu chantagear políticos e autoridades da Justiça do país.
Ele fez parte dos serviços secretos argentinos de 1972 a dezembro do ano passado, quando foi afastado junto a outros membros da cúpula do Serviço de Inteligência (SI) por Kirchner, e o governo suspeita que espiões do SI estejam por trás da morte de Nisman.
Sua estreita relação com Nismann foi confirmada pelo próprio promotor, por advogados ligados ao caso do atentado contra a AMIA e por jornalistas investigativos que cobriram o ataque ocorrido quando Stiuso era chefe operativo da secretaria de Inteligência (SIDE).
A morte de Nisman abalou o governo e a sociedade argentina a meses das eleições gerais de outubro.
Além disso, nesta semana está prevista uma nova perícia das amostras recolhidas das mãos do promotor. Trata-se de um segundo exame com um microscópio eletrônico, depois que o primeiro não revelou sinais de pólvora nos dedos da vítima.
Por enquanto, a necropsia do cadáver e as amostras de DNA da cena do crime apontam para suicídio, já que não há indício da presença de outras pessoas no local.