Ucrânia

Diplomatas trabalham para realizar cúpula de paz, Kiev denuncia tropas russas

Segundo as últimas informações de Kiev, 16 pessoas, entre elas sete civis, morreram nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia

Da AFP
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Publicado em 09/02/2015 às 13:22
Foto: BULENT KILIC / AFP
Segundo as últimas informações de Kiev, 16 pessoas, entre elas sete civis, morreram nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia - FOTO: Foto: BULENT KILIC / AFP
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Diplomatas russos, ucranianos, alemães e franceses seguiam preparando nesta segunda-feira em Berlim a cúpula de paz prevista para quarta-feira em Minsk, uma reunião que ainda não está confirmada devido à fragilidade do diálogo entre as partes.

"Devo repetir, ainda não está certo" que a cúpula será realizada, "há muito trabalho pela frente", declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Water Steinmeier, em Bruxelas.

"Esperamos que os pontos em suspenso possam ser solucionados", acrescentou Steinmeier em alusão às reservas formuladas pelo presidente russo, Vladimir Putin, no domingo.

Negociadores dos quatro países se reuniram a partir das 14h30 locais em Berlim, disse à AFP o diretor político da diplomacia ucraniana, Olexi Makeev, para seguir trabalhando na iniciativa de paz franco-alemã.

"Nosso objetivo é preparar uma base para a cúpula de Minsk", pronta para ser entregue aos quatro chefes de Estado e de governo, explicou.

O tempo é curto porque o balanço de hostilidades se torna cada vez mais pesado.

Segundo as últimas informações de Kiev, 16 pessoas, entre elas sete civis, morreram nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia.

O governo ucraniano denunciou, paralelamente a isso, que 1.500 soldados russos e comboios militares cruzaram a fronteira neste fim de semana.

Os ocidentais e os ucranianos acusam de forma unânime Moscou de estar por trás da rebelião pró-russa, que já deixou mais de 5.500 mortos, e Washington avalia enviar armas defensivas ao governo de Kiev, embora o resto da Europa tenha sido contra por considerar que desencadearia a guerra total.

Fragilidade do diálogo

Tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, colocaram em xeque a realização da reunião na quarta-feira.

A fragilidade do diálogo entre os dirigentes é evidente em reações como a do Kremlin, que publicou que Merkel havia ameaçado Putin com novas sanções se não aceitasse o plano de paz franco-alemão.

"Ninguém poderá jamais (...) falar ao presidente utilizando o tom de ultimato", disse o porta-voz do Kremlin, Dimitri Pskov, em uma entrevista à rádio "Aqui Moscou".

Pouco depois, a União Europeia (UE) se preparou para suspender por uma semana a aplicação de novas sanções contra autoridades russas e ucranianas para dar tempo às negociações de paz.

A manutenção da cúpula de Minsk dependerá, de qualquer forma, do encontro do grupo trilateral de contato na terça-feira em Minsk, no qual haverá representantes russos, ucranianos, da OSCE e dos rebeldes.

A Ucrânia e a OSCE insistem na presença dos líderes separatistas que assinaram os primeiros acordos de paz em setembro, mas uma fonte russa citada pela agência Interfax sugere que os rebeldes podem enviar simples adjuntos, o que gera dúvidas sobre os resultados do encontro.

O presidente Barack Obama deve receber Angela Merkel nesta segunda-feira na Casa Branca, em um encontro no qual a chanceler alemã informará sobre o andamento das negociações.

Controle da fronteira em questão

François Hollande e Angela Merkel viajaram a Kiev e a Moscou na quinta e sexta-feira para apresentar a Putin e a Petro Poroshenko sua nova proposta, "a da última oportunidade".

O plano franco-alemão, que não foi revelado em sua totalidade, prevê uma maior autonomia das regiões rebeldes, segundo uma fonte do departamento de Estado americano. É baseado na linha de frente atual e prevê uma zona desmilitarizada de 50 a 70 quilômetros de comprimento ao longo desta linha, segundo os meios de comunicação franceses. 

Mas a Ucrânia já declarou que considera inaceitável a linha de frente atual, já que os separatistas ocupam atualmente 500 km suplementares em relação a setembro. Também estão em suspenso outros temas, como o status dos territórios ocupados pelos separatistas e o controle das fronteiras.

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