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Milícias xiitas se negam a ceder o poder no Iêmen

ONU solicitará à milícia que se retire das instituições que controla e liberte os membros do governo detidos

Da AFP
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Publicado em 15/02/2015 às 12:38
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A milícia xiita dos huthis está determinada a não ceder o poder no Iêmen, a poucas horas da votação na ONU sobre uma resolução que ameaça com sanções.

"O povo iemenita não cederá a qualquer ameaça", afirmou o porta-voz dos huthis, Mohamed Abdesalam, que assegura que sua milícia empreendeu "um processo de autodeterminação sem qualquer tutela estrangeira".

Na véspera, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) pediram às Nações Unidas que adotem medidas contra as milícias xiitas que ameaçam a unidade do Iêmen.

"O CCG pediu ao Conselho de Segurança da ONU que adote uma decisão de acordo com o capítulo 7 da Carta da ONU", afirma o texto de uma reunião extraordinária convocada em Riad, capital da Arábia Saudita, vizinha do Iêmen.

O capítulo citado evoca medidas coercitivas em caso de ameaça contra a paz, que vão das sanções econômicas ao uso da força militar.

O Conselho de Seguranca adotará neste domingo uma resolução que pedirá à milícia que se retire das instituições que controla e liberte os membros do governo detidos, como presidente Abd Rabbo Mansur Hadi e seu primeiro-ministro, que se encontra em prisão domiciliar.

Também no sábado, milhares de manifestantes foram violentamente dispersados no centro da capital quando protestavam contra os huthis.

Ao menos seis pessoas ficaram feridas quando as milícias xiitas dispersaram os manifestantes que gritavam palavras de ordem como "Huthis, Irã, o Iêmen não é o Líbano" ou "Huthis, Rússia, o Iêmen não é a Síria".

As milícias xiitas são acusadas por seus detratores de se beneficiar do apoio do Irã xiita. A Rússia, por sua parte, que preocupa a ONU porque bloqueia uma ação contra o regime sírio, se mostra reticente em tomar uma posição contra os Huthis.

Diante da situação, a Espanha e os Emirados Árabes anunciaram a suspensão das atividades em suas embaixadas na capital do Iêmen.

"Os Emirados suspenderam as atividades na embaixada e repatriaram seus diplomatas", assinalou neste sábado a chancelaria em Abu Dhabi, em um comunicado citado pela agência oficial.

Segundo o texto, a decisão foi motivada pela "deterioração da situação política e de segurança" na capital iemenita.

Os Emirados são o segundo país árabe a tomar esta medida, depois da Arábia Saudita.

Em Madri, a chancelaria anunciou que, "diante da situação atual de insegurança e instabilidade em Sanaa, decidiu suspender temporariamente as atividades da embaixada. A Espanha acredita que os fatores que motivaram esta decisão serão resolvidos a curto prazo, e sua embaixada poderá retomar em breve as funções com normalidade."

Alemanha e Itália anunciaram na sexta o fechamento temporário de suas embaixadas no Iêmen, depois de Estados Unidos, França e Reino Unido.

O Iêmen, um aliado-chave dos Estados Unidos no combate à Al-Qaeda, está mergulhado no caos desde que os huthis tomaram o controle da capital, em setembro, e expulsaram o governo, na semana passada.

 

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