Milhares de pessoas se reuniram neste sábado (21) na praça Vermelha, em Moscou, em protesto ao "golpe" que, há um ano, derrubou o então presidente Viktor Yanukovych na Ucrânia.
Com bandeiras russas e cartazes condenando o movimento nas ruas de Kiev que levou à queda do político pró-Moscou em fevereiro de 2014, os manifestantes -cerca de 35.000 pessoas, segundo a polícia- também aproveitaram a data para protestar contra a posição dos Estados Unidos.
"O Maidan ['praça' em ucraniano, termo que passou a designar os protestos da praça da Independência, em Kiev] é um festival de morte", disse um dos organizadores da manifestação. "Maidan é o sorriso do embaixador americano que, sentado de sua cobertura, se alegra em ver um irmão matando o outro. É a concentração de tudo anti-Rússia", completou.
A manifestação reuniu ultranacionalistas, veteranos de guerra e organizações de estudantes e ativistas pró-Kremlin.
Yanukovich, que está asilado na Rússia desde que foi deposto, disse neste sábado (21) que quer voltar a seu país "para primeiro liderar um movimento de protestos e depois participar da defesa da população".
"Assim que tenha a possibilidade, voltarei e farei tudo o que esteja em minhas mãos para aliviar a situação na Ucrânia", disse Yanukovich, 64, ao Canal Um da televisão russa.
Em outra entrevista, transmitida pelo canal estatal "Rossia", o ex-líder ucraniano pediu às novas autoridades do país que "deixem de humilhar à população do leste da Ucrânia" e que "garantam a autonomia" das regiões orientais.
"Não há outro caminho" que a negociação direta entre as autoridades ucranianas e as autoproclamadas repúblicas popular de Donetsk e Lugansk, disse ele.
EXPOSIÇÃO
Enquanto isso, em Kiev, o chefe do Comitê de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Alexander Turchinov, inaugurou uma exposição ao ar livre com veículos militares e armamentos pesados que, segundo as autoridades ucranianas, comprovam a participação da Rússia no conflito do leste do país.
A ampla praça Mijailovski foi o cenário escolhido para receber a exposição "Presença. Provas da agressão das tropas russas no território da Ucrânia", que reúne vários blindados, caminhões militares e drones, além de documentos, roupas e outros objetos que teriam sido capturados nas áreas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.
O material foi cedido pelos Ministérios de Defesa e Interior, os serviços de segurança, a polícia de fronteiras e outras forças de segurança, segundo Kiev.
"Aqui vocês podem ver armas, veículos blindados que os separatistas abandonaram ou que foram capturados por nossos soldados no leste de nosso país. Esta técnica militar russa está matando nossos cidadãos, nossos militares e civis", disse Turchinov à imprensa convidada para a inauguração.
Como se assinala nas explicações, há, por exemplo, lança-granadas com data de 2014, que não são produzidos na Ucrânia e que foram capturados pelos militares governamentais durante a operação de Debaltsevo, a estratégica cidade que caiu nas mãos dos rebeldes nesta semana, na pior derrota militar ucraniana de dez meses de conflito.
Também há drones que são fabricados apenas na Rússia e estão equipados com tecnologia para captar imagens a uma distância de mais de 20 quilômetros e fixar os alvos.
Vários visitantes chegaram à praça Mijailovski para ver a exposição com bandeiras ucranianas, assim como famílias com crianças que não duvidaram em subir em cima dos blindados inimigos para brincar ou tirar fotos.