Tropas

Ucrânia começa a retirar armamento pesado da frente de batalha

Esta primeira etapa levará 24 horas e será seguida pela retirada dos lançadores múltiplos de foguetes Grad e de outras peças pesadas

Da AFP
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Publicado em 26/02/2015 às 14:05
Foto: SERGEI SUPINSKY / AFP
Esta primeira etapa levará 24 horas e será seguida pela retirada dos lançadores múltiplos de foguetes Grad e de outras peças pesadas - FOTO: Foto: SERGEI SUPINSKY / AFP
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A Ucrânia iniciou nesta quinta-feira começou a retirar as armas pesadas da linha de frente no leste do país, um passo fundamental na aplicação do plano de paz, mas o impasse continua entre o Ocidente e a Rússia.

Um jornalista da AFP viu nos arredores da cidade de Artemivsk, 55 km ao norte do reduto rebelde de Donetsk, ao menos quinze canhões em um trator, acompanhado por dezenas de soldados ucranianos se dirigindo para o oeste, para longe da linha da frente.

"A Ucrânia começou a retirada dos canhões de 100 mm da linha de demarcação", o primeiro passo para a retirada das armas pesadas que será feita sob a supervisão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), informou o Estado-Maior do exército ucraniano em um comunicado.

Esta primeira etapa levará 24 horas e será seguida pela retirada dos lançadores múltiplos de foguetes Grad e de outras peças pesadas, informou à AFP um porta-voz militar, Anatoly Stelmakh.

A retirada das armas pesadas, previstas nos acordos Minsk 2 assinados em 12 de fevereiro com a mediação do presidente francês, François Hollande, e da chanceler alemã Angela Merkel, na presença do russo Vladimir Putin, deveria começar no domingo.

Mas Kiev ressaltou que esta medida só seria realizada após o pleno respeito do cessar-fogo.

A trégua estabelecida a partir de 15 de fevereiro parece, finalmente, estar sendo respeitada nos últimos dias no leste separatista do país, onde o conflito deixou mais de 5.800 mortos em 10 meses.

O exército ucraniano não registrou nenhuma nova vítima em suas fileiras pelo segundo dia consecutivo.

Os separatistas, por sua vez, mostraram na quarta-feira à imprensa o que apresentaram como uma retirada das armas pesadas perto de seu reduto de Donetsk, mas a OSCE não foi capaz de confirmar se era de fato uma retirada e não um movimento habitual.

 

Drones perto de Mariupol

As autoridades de Kiev advertiram, no entanto, que estavam prontas para "rever o calendário de retirada em caso de tentativas de ataque" pelos rebeldes pró-russos.

Neste sentido, o exército ucraniano denunciou uma "concentração de tropas inimigas" perto de Mariupol, porto estratégico às margens do Mar de Azov e última grande cidade no leste controlada poe Kiev. Sete drones sobrevoaram a região de Mariupol nas últimas 24 horas segundo o porta-voz Andrii Lysenko.

Um jornalista da AFP ouviu uma troca de tiros com armas automáticas na cidade de Tchermalyk, 30 km a nordeste de Mariupol, onde as forças ucranianas e combatentes rebeldes se encontram a um quilômetro de distância.

Mariupol, cuja tomada seria um passo fundamental para construir uma ponte terrestre entre a Rússia e a península da Crimeia, sob a autoridade da Rússia, é considerada como o próximo alvo potencial dos separatistas pró-russos, depois da tomada há uma semana do entrocamento ferroviário estratégico de Debaltseve, ligando as capitais rebeldes de Donetsk e Lugansk.

 

Moscou acusa ocidentais 

Apesar da relativa calma no terreno, os ocidentais, com os Estados Unidos à frente, parecem pouco convencidos da vontade da Rússia de apaziguar o conflito.

Acusado de armar os rebeldes do leste e de enviar tropas regulares, Moscou nega envolvimento na guerra.

"Mentiras", segundo o secretário de Estado americano John Kerry, que acusou a Rússia e os separatistas pró-russos de não respeitar o cessar-fogo e ameaçou a adoção de novas sanções contra Moscou.

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, ressaltou na quarta-feira que a questão das sanções poderpa ser discutida a nível europeu em caso de ataque contra Mariupol.

"Por trás dos apelos se esconde a má vontade destes protagonistas, Estados Unidos e União Europeia, a respeito da aplicação do que ficou acordado em Minsk em 12 de fevereiro", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em uma referência ao acordo de cessar-fogo no leste.

"Todo o mundo entende perfeitamente que não existe um cessar-fogo ideal", disse Lavrov, antes de recordar que a OSCE informou uma redução da intensidade dos combates nos últimos dias.

Por sua vez, o general americano Philip Breedlove acusou a Rússia de implantar no leste da Ucrânia "mais de mil veículos de combate, forças de combate, além de algumas das defesas anti-aéreas mais sofisticadas e batalhões de artilharia ".

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