Os jihadistas resistiam às forças iraquianas que procuram avançar até Tikrit, mas o oficial militar americano de mais alta patente afirmou que a derrota do grupo Estado Islâmico (EI) na cidade é uma questão de tempo. As forças iraquianas que tentam reconquistar Tikrit seguiam enfrentando hoje combatentes do EI na cidade vizinha de Ad Dawr, também na província de Saladino.
Ad Dawr fica em uma das rotas principais que os militares iraquianos e os combatentes aliados tomaram para tentar chegar a Tikrit. "Há combates intensos em torno de Ad Dawr, com o apoio aéreo do Exército, contra a ameaça dos franco-atiradores e carros-bomba", declarou à AFP um tenente-coronel do Exército. "Esta tarde, teremos limpado Ad Dawr", afirmou.
Segundo o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior americano, que fez declarações no avião que o levava do Barein ao Iraque, os ataques aéreos dos últimos meses da coalizão prepararam o terreno para a ofensiva em Tikrit. "Quero que o primeiro-ministro e o ministro da Defesa iraquianos percebam que a ofensiva não aconteceu por magia, e sim graças à emergência das milícias xiitas na rota que leva de Bagdá a Tikrit", assinalou.
Para o general, a derrota do EI em Tikrit é uma questão de tempo. "As cifras falam por si sós", comentou, lembrando que algumas centenas de combatentes do Estado Islâmico enfrentam em Tikrit 23 mil soldados e milicianos iraquianos.
Bagdá anunciou ter mobilizado 30 mil combatentes para a ofensiva, que considera a mais importante contra o EI desde que o grupo se apoderou de extensas áreas do território iraquiano, em junho de 2014.
Situada entre Bagdá e Mosul, Tikrit é a segunda cidade mais importante conquistada pelo EI no Iraque, depois de Mosul, e era o reduto do ex-presidente Saddam Hussein, capturado em 2003, perto de Ad Dawr.
Em sua ofensiva atual, o Exército iraquiano conta com o apoio de milicianos xiitas e tribos sunitas. As operações militares para reconquistar Tikrit levaram 28 mil pessoas a abandonar suas casas, informou a ONU na última quinta-feira.
Organizações de defesa dos direitos humanos, como Anistia Internacional e Human Rights Watch, expressaram preocupação com os riscos para os civis em Tikrit, depois de ameaças de represália feitas por milicianos xiitas, milhares dos quais foram massacrados pelo EI no setor em junho. Tribos sunitas foram acusadas, então, de cumplicidade.
Para Dempsey, o verdadeiro teste será a forma como os habitantes sunitas serão tratados uma vez reconquistada Tikrit. Se eles forem autorizados a voltar para casa e houver um esforço de reconstrução e assistência humanitária, tudo ficará bem. Mas se forem maltratados, haverá problemas, estimou.