As forças iraquianas entraram nesta quarta-feira em um bairro de Tikrit, em um novo avanço da ofensiva lançada há dez dias para recuperar a cidade das mãos dos jihadistas, informaram oficiais do exército.
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) se defendeu com ataques com bomba coordenados contra áreas controladas pelo governo na cidade de Ramadi (oeste), matando ao menos dez pessoas, segundo fontes médicas e da polícia.
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Um general disse à AFP, sob condição de anonimato, que as forças do governo estavam lutando para limpar o bairro de Qadisiya em Tikrit.
"Pudemos controlar o hospital militar de Tikrit, próximo ao centro da cidade", terra natal do ditador Saddam Hussein, disse.
"Mas estamos realizando uma batalha muito delicada porque não estamos enfrentando combatentes em terra, e sim em um terreno cheio de armadilhas e franco-atiradores. Nossos movimentos são lentos", acrescentou o oficial.
Além disso, afirmou que as forças que entraram em Qadisiya na manhã desta quarta-feira incluíam o exército e a polícia, assim como membros da força de voluntários das Unidades Populares de Mobilização.
As forças iraquianas foram se aproximando nos últimos dias, mas preferiram não entrar na cidade, realizando apenas operações em pequena escala nos arredores de Tikrit, sitiando-a.
Outras fontes militares e políticas confirmaram que as forças iraquianas haviam retomado o controle de uma parte significativa de Qadisiya, um grande bairro ao norte do centro da localidade.
Na província de Anbar, a oeste, onde forças do EI superiores em número se entrincheiraram, sete ataques suicida com carros-bomba, quase consecutivos, mataram ao menos 10 pessoas e feriram 30, segundo médicos e policiais.
O governo esteve enfrentando durante meses militantes do EI que controlam a maioria dos bairros nos subúrbios de Ramadi e que costumam atacar as forças de segurança em distritos mais centrais.
Oficiais de polícia informaram sobre a ocorrência de tumultos em várias áreas da cidade nesta quarta-feira depois dos ataques com carros-bomba. Foram disparados tiros de morteiro contra a sede do conselho provincial.
Contas de redes sociais próximas ao EI disseram que um belga, um sírio e um militante do Cáucaso estavam entre os atacantes suicidas.
Alguns oficiais sugeriram que o número de carros-bomba poderia ser maior, mas acrescentaram que o EI não conseguiu ganhar espaço.
"Nossas valentes forças de segurança estavam preparadas e demonstraram uma excelente inteligência durante a operação", publicou nas redes sociais o governador de Anbar, Sohaib al-Rawi.
Ataques do EI na Síria
Do outro lado da fronteira, na Síria, o EI lançou uma ofensiva nesta quarta-feira para tentar conquistar a cidade curda de Ras al-Ain (norte), fronteiriça com a Turquia, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Ras al-Ain, situada na província de Hassak e que tinha cerca de 50.000 habitantes antes da guerra, está controlada pela principal milícia curda da Síria, as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG).
Os combates deixaram dezenas de mortos nos dois grupos, segundo o OSDH, que se apoia em uma extensa rede de fontes na Síria.
A cidade está situada a 30 km de Tal Tamer, que os jihadistas querem tomar para abrir um corredor entre a província de Aleppo (norte) e a fronteira iraquiana e Mossul.
O nordeste da Síria é estratégico para os jihadistas, já que oferece uma passagem para a Turquia, mas sobretudo ao Iraque.
A coalizão internacional comemorou na terça-feira ter bloqueado as rotas que o EI utiliza entre os dois países, principalmente as "vias de comunicação utilizadas historicamente pelo EI para enviar homens e material ao Iraque, a Tal Afar e Mossul", segunda cidade do Iraque, tomada em 10 de junho pelos jihadistas.
Nesta quarta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu que o Congresso autorize formalmente que o presidente Barack Obama conduza uma guerra contra o EI no Iraque e na Síria.
"A resolução que submetemos dará um mandato claro ao presidente para conduzir um conflito armado contra o EI e os indivíduos ou forças afiliadas", afirmou Kerry.
O secretário falou ante a Comissão de Assuntos Estrangeiros do Senado, acompanhado do chefe do Pentágono, Ashton Carter, e do chefe das Forças Armadas, Martin Dempsey.