Tragédia

Vanuatu teme falta de alimentos

Acompanhado de tempestades de vento superiores a 320 km/h, o ciclone de categoria 5 - a mais alta da escala - devastou o arquipélago de 270 mil habitantes na última sexta-feira

Da AFP
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Publicado em 17/03/2015 às 8:02
Foto: JEREMY PIPER / AFP
Acompanhado de tempestades de vento superiores a 320 km/h, o ciclone de categoria 5 - a mais alta da escala - devastou o arquipélago de 270 mil habitantes na última sexta-feira - FOTO: Foto: JEREMY PIPER / AFP
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Os habitantes de Vanuatu ficarão sem alimentos em breve, advertiram nesta terça-feira as autoridades, após a passagem do devastador ciclone Pam, que matou 24 pessoas neste arquipélago do Pacífico sul.

Na manhã desta terça-feira, galhos e folhas cobriam as ruas de Port Vila, capital de Vanuatu. 

A amplitude dos danos no conjunto do arquipélago, composto por mais de 80 ilhas, segue sendo difícil de avaliar devido ao colapso dos sistemas de comunicação.

"Agora, do que mais necessitamos é de ajuda humanitária, e as necessidades humanitárias são imperativas. No longo prazo, precisamos de apoio financeiro e de ajuda para começar a reconstruir nossas infraestruturas. Temos de reconstruir tudo", disse o presidente Baldwin Lonsdale.

Segundo os socorristas, 90% das residências sofreram danos em Port Vila.

O fornecimento de água foi restabelecido em 80%, mas a eletricidade segue ausente em numerosos bairros.

O estado de emergência vigora desde domingo em todo o país, com toque de recolher a partir das 18H00 para se evitar saques.

Acompanhado de tempestades de vento superiores a 320 km/h, o ciclone de categoria 5 - a mais alta da escala - devastou o arquipélago de 270 mil habitantes na última sexta-feira.

Risco de doenças

A ajuda já começou a chegar à capital do país, mas os funcionários das ONGs destacaram a falta de recursos para conseguir distribuir o material nas ilhas mais afastadas desse Estado insular, um dos mais pobres do mundo.

As necessidades de água potável, banheiros portáteis e pastilhas de purificação de água devem ser determinadas rapidamente, relatou o diretor da ONG Oxfam em Vanuatu, Colin Colette.

As organizações temem uma propagação das doenças.

"A primeira urgência era o ciclone; a segunda, as doenças, caso a água potável e as condições de higiene continuem insuficientes", completou Colette, que citou 100 mil pessoas desabrigadas.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a catástrofe pode atingir até 60 mil crianças - particularmente vulneráveis neste país pobre, onde as taxas de desnutrição são bastante elevadas.

Para o diretor da organização Save the Children, Tom Skirrow, as condições são piores do que nas Filipinas em novembro de 2013, quando o supertufão Haiyan arrasou o arquipélago e deixou 7.350 mortos e desaparecidos.

"Estive lá após o Haiyan e posso dizer que a logística é muito mais complicada aqui", disse à AFP.

Mudança climática

Mais cedo, o presidente de Vanuatu declarou que a mudança climática foi um fator-chave na devastação sofrida pelo país durante a passagem do ciclone Pam.

"A mudança climática está contribuindo para o desastre em Vanuatu", disse ele a uma emissora de televisão australiana.

Essa constatação também feita pelo presidente das Ilhas Seychelles, James Michel, que pediu nesta segunda-feira que a comunidade internacional "acorde".

O ciclone Pam "é uma manifestação clara das mudanças climáticas que alguns continuam a negar", avaliou. "Hoje, é o Pacífico Sul, amanhã podemos ser nós", alertou o chefe de Estado desse arquipélago do oceano Índico.

As comunicações continuavam interrompidas na maior parte de Vanuatu, embora o aeroporto de Port Vila tenha sido reaberto para voos comerciais.

O Reino Unido prometeu dois milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 9,6 milhões), a União Europeia, 1 milhão de euros (R$ 3,4 milhões), e a Nova Zelândia, US$ 730 mil (cerca de R$ 2,3 milhões). A Austrália anunciou uma ajuda de 5 milhões de dólares australianos (R$ 11,6 milhões).

O Fundo Monetário Internacional (FMI) se disse disposto a disponibilizar uma ajuda em caráter de emergência para o arquipélago e a colaborar para "reconstruir a economia nos meses que vêm".

Sem esperar, os moradores de Port Vila já se empenhavam nesta segunda-feira para "ir às ruas e varrer os escombros". É o que conta o diretor da ONG Care Austrália, Tom Perry: "ontem o clima era triste, mas hoje já há um ar de 'mãos à obra'".

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