A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, chegará na segunda-feira a Cuba, em um momento em que a aproximação entre os 28 e a ilha entra em sua fase mais delicada.
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O escritório de Mogherini ressalta que a visita oficial ocorre "em um momento crucial" das negociações destinadas a normalizar as relações entre Cuba e o bloco europeu, suspensas oficialmente em 2003.
Primeira autoridade europeia deste nível a visitar Cuba desde o início das negociações entre Bruxelas e Havana, em abril de 2014, Mogherini chegará em meio à polêmica dos direitos humanos, levantada pelos europeus.
Durante a terceira rodada de negociações em meados de março, o negociador da UE, Christian Leffler, revelou "divergências de interpretação" que devem ser superadas, enquanto Havana pediu respeito ao "princípio de não interferência" em seus assuntos internos.
Trata-se de evitar que o processo caia em um beco sem saída antes do próximo ciclo, marcado para junho e durante o qual a questão dos direitos humanos será discutida.
A apresentação da parte europeia sobre os direitos humanos, em março, "revelou as diferentes visões, o que torna o assunto espinhoso. Uma troca de alto nível poderia fortalecer o diálogo, mas não acredito que (...) este será o único tema a ser tratado", declarou à AFP o cientista político cubano Eduardo Perera.
"Não é uma casualidade viajar para Cuba para fazer um balanço de um diálogo que considero importante e promissor", anunciou Mogherini antes de sua partida, insistindo em sua vontade de "desenvolver as bases para a participação democrática e humana, civil e política" na América Latina.
Esperada em Havana segunda à noite, ela se reunirá na terça-feira com o chanceler Bruno Rodríguez e membros da sociedade civil. Rodriguez também viajará para Bruxelas nas próximas semanas.
Como de costume em Cuba, nenhuma reunião com o presidente Raúl Castro foi anunciada.
Embora não tenha revelado detalhes das negociações, a UE diz que "não quer impor um modelo" para Cuba e que busca "um equilíbrio que possa satisfazer ambos os lados."
As discussões são destinadas a assinar um "Acordo de Diálogo Político e Cooperação", que servirá de quadro jurídico para as relações entre Cuba e a UE. Os três componentes dos debates são: a cooperação, o diálogo político e as relações econômicas.
Cuba quer que a UE abandone sua "posição comum", que desde 1996 condiciona a cooperação europeia com o regime comunista a avanços democráticos, especialmente sobre os direitos civis e políticos.
Por sua vez, Bruxelas quer dialogar de maneira mais fluída com Havana e pede a Cuba para assinar ou ratificar diversos acordos internacionais sobre direitos humanos.
A visita do Mogherini também corre em paralelo com a aproximação histórica entre Cuba e os Estados Unidos, iniciada em dezembro.
Em 2003, o diálogo UE-Cuba foi interrompido após a prisão de 75 dissidentes em Havana (já libertados). Algumas sanções foram levantadas após a saída oficial de Fidel Castro em 2008.
No entanto, vários países europeus mantiveram suas relações bilaterais com Cuba nos últimos anos, e o comércio com Cuba ganhou em volume, tornando a UE o segundo maior parceiro comercial da ilha depois da Venezuela, com 2,6 bilhões de euros em 2013, de acordo com a Eurostat.
Uma visita a Cuba pelo presidente francês, François Hollande, também foi anunciada para 11 de maio, a primeira de um presidente deste país à ilha.