Tragédia

Investigadores afirmam que copiloto derrubou avião de propósito

A queda do Airbus A320 vitimou 150 pessoas que iam de Barcelona, na Espanha, a Dusseldorf, na Alemanha

Da AFP
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Publicado em 26/03/2015 às 9:34
Foto: MINISTERE DE L'INTERIEUR /  AFP
A queda do Airbus A320 vitimou 150 pessoas que iam de Barcelona, na Espanha, a Dusseldorf, na Alemanha - FOTO: Foto: MINISTERE DE L'INTERIEUR / AFP
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A investigação sobre a catástrofe do Airbus A320 da companhia Germanwings nos Alpes franceses deu nesta quinta-feira uma guinada inesperada, com a revelação pela justiça francesa de que o copiloto teria provocado deliberadamente a queda do avião.

A revelação espetacular, após a análise de uma caixa-preta encontrada na terça-feira no local da catástrofe, coincidiu com a chegada à França de parentes das 150 vítimas, que ficaram sabendo em primeira mão das informações, antes da entrevista coletiva do promotor público de Marselha, Brice Robin, no aeroporto de Marignane (sul da França).

As motivações do copiloto, Andreas Lubitz, alemão de 28 anos, não foram determinadas, mas o promotor destacou que ele não estava fichado como terrorista, informação confirmada por Berlim.

O copiloto, que ficou sozinho na cabine após a saída do piloto, acionou o mecanismo de descida e não abriu a porta para permitir o retorno do comandante, segundo o promotor.

"Na caixa-preta é possível ouvir vários apelos do comandante para pedir acesso à cabine de pilotagem, mas não houve resposta do copiloto", disse Robin.

Andreas Lubitz, cuja respiração regular é ouvida até o fim, também não respondeu aos chamados da torre de controle que percebeu a descida fora do normal da aeronave.

Vontade de destruir

"A interpretação mais verossímil é que o copiloto, voluntariamente, se recusou a abrir a porta da cabine ao comandante de bordo e acionou o botão de perda de altitude, por uma razão que ignoramos totalmente, mas que pode ser analisada como uma vontade de destruir o avião", disse Brice Robin, que coordena a investigação.

Quase 200 parentes das 150 vítimas fatais chegaram nesta quinta-feira à região da tragédia e foram levados para o local do acidente, de maneira discreta e longe da imprensa.

O promotor garantiu aos familiares que os passageiros morreram no ato e que não perceberam a queda do avião até o último momento.

Nos últimos segundos antes do choque contra a montanha, a gravação de 30 minutos permite ouvir o alerta, que destaca a proximidade do solo, e os gritos dos passageiros.

Após a decolagem em Barcelona, nos 20 primeiros minutos de gravação são ouvidas conversas descontraídas entre o piloto e o copiloto. 

Depois de algumas falas do piloto sobre o pouso em Düsseldorf (Alemanha), o comandante deixou a cabine. Ele não conseguiu retornar ao local, apesar dos apelos e socos na porta, que só pode ser aberta por dentro.

O copiloto foi contratado em setembro de 2013 pela companhia aérea e tinha 630 horas de voo de experiência.

Na quarta-feira, as autoridades francesas informaram que não privilegiavam a pista terrorista.

Em Colonia (Alemanha), Carsten Spohr, presidente da Lufthansa, casa matriz da Germanwings, afirmou que estava "chocado" com as revelações sobre o copiloto e afirmou que não "existe o menor indício sobre a motivação.

O chefe de Governo da Espanha, Mariano Rajoy, se declarou "comovido" com as informações da investigação. Dos 150 mortos, 50 eram espanhóis e 72 alemães.

Resgate demorado 

Os primeiros pedaços de corpos das vítimas foram transportados na quarta-feira pelos equipes de emergência. 

Nesta quinta-feira foram retomadas as operações de resgate dos corpos e de busca da segunda caixa-preta, com os dados do voo. Médicos legistas acompanhados por policiais com experiência em trabalhos em montanhas foram transportados de helicóptero para o local da tragédia.

Segundo tenente-coronel Xavier Vialenc, a polícia tenta recuperar tudo que é possível, mas a tarefa será "muito longa", de pelo menos 15 dias.

As famílias das vítimas podem se reunir nas capelas instaladas nas cidades de Seyne-les-Alpes e Le Vernet.

Os jornalistas são mantidos à distância para preservar a intimidade das famílias. A polícia recebeu ordem de impedir qualquer contato entre as famílias e a imprensa.

Os parentes serão solicitados a fornecer mostras de DNA para ajudar na identificação dos pedaços de corpos. O processo deve durar dias ou semanas, segundo promotor. A Interpol enviou especialistas para ajudar na tarefa.

As 150 vítimas do acidente aéreo provenientes eram de 18 países.

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