Direitos Humanos

ONU condena ''raptos sistemáticos'' na Coreia do Norte e exige ''resultados''

De acordo com um relatório, mais de 200 mil estrangeiros, na maioria sul-coreanos capturados durante a guerra de 1950-53, japoneses e chineses, foram raptados pelo regime norte-coreano

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Publicado em 27/03/2015 às 11:18
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De acordo com um relatório, mais de 200 mil estrangeiros, na maioria sul-coreanos capturados durante a guerra de 1950-53, japoneses e chineses, foram raptados pelo regime norte-coreano - FOTO: Foto: KNS / KCNA / AFP
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O conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas adotou nesta sexta-feira (27) uma resolução que condena os "raptos sistemáticos" praticados pela Coreia do Norte e exigiu "resultados concretos" nas investigações de Pyongyang sobre a questão.

A resolução do Japão, União Europeia e Estados Unidos foi aprovada com 27 votos a favor, seis contra a 14 abstenções.

O objetivo é sublinhar "a importância da questão dos raptos internacionais e do regresso imediato de todas as pessoas raptadas" e denunciar "os raptos sistemáticos, a recusa de repatriamento e o desaparecimento forçado de pessoas, cidadãos de outros países, o que se inscreve no âmbito de uma política de Estado de grande escala".

De acordo com um relatório publicado em fevereiro do ano passado por uma comissão de inquérito da ONU, mais de 200 mil estrangeiros, na maioria sul-coreanos capturados durante a guerra de 1950-53, japoneses e chineses, foram raptados pelo regime norte-coreano. Ao todo, cidadãos de pelo menos 12 países foram alvos desta política.

A resolução exige "resultados concretos e positivos das investigações" realizadas pela Coreia do Norte sobre o rapto de japoneses.

No final de maio de 2014, a Coreia do Norte aceitou reabrir uma investigação sobre os japoneses raptados durante a Guerra Fria, em troca do levantamento de sanções aplicadas por Tóquio, mas ainda não apresentou as informações solicitadas pelo governo japonês.

Tóquio nunca quis encerrar o caso dos japoneses raptados nos anos 1970-1980 para formar espiões norte-coreanos em língua japonesa e nos costumes do país. O Japão fez da resolução destes casos uma condição indispensável para normalizar o relacionamento oficial com a Coreia do Norte, país com o qual não tem relações diplomáticas.

A resolução adotada condena também "as violações persistentes, sistemáticas, generalizadas e flagrantes dos direitos humanos" pelo regime totalitário norte-coreano, pedindo aos dirigentes "que reconheçam" estas violações e "tomem medidas imediatas" para travar estas violações.

Em março passado, uma comissão de inquérito da ONU comparou os crimes de Pyongyang aos dos regime nazista, do apartheid e dos khmers vermelhos (responsáveis por um genocídio no Camboja na década de 1970), e acusou o governo norte-coreano de crimes contra a humanidade a grande escala.

Centenas de milhares de presos políticos morreram em campos durante os últimos 50 anos, de acordo com os investigadores da ONU.

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