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Copiloto planejava grande gesto, diz ex-namorada

"Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele", teria dito ele

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Publicado em 28/03/2015 às 11:24
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"Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele", teria dito ele - FOTO: AFP
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Andreas Lubitz, 27, o copiloto acusado de ter derrubado deliberadamente um Airbus A320 da companhia alemã Germanwings na última terça-feira (24) nos Alpes franceses, disse a uma ex-namorada que estava em tratamento psiquiátrico e que planejava um grande gesto do qual todos se lembrariam.

A informação foi dada na edição deste sábado do tabloide alemão Bild, que traz uma entrevista com uma mulher identificada apenas como Maria W. Ela afirma ter tido um relacionamento com Lubitz em 2014.

O acidente deixou, além do próprio copiloto, outras 149 pessoas mortas.

Quando soube do acidente, lembrei de uma frase que ele me disse algumas vezes, contou Maria, uma comissária de bordo de 26 anos.

Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele, completou a ex-namorada.

Segundo Maria, na ocasião as palavras de Lubitz não tinham muito sentido e ela nunca deu grande importância ao que ele dizia.

Na época, eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas agora é óbvio, disse. Ele fez isso porque percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu grande sonho de trabalhar na Lufthansa, de ter o cargo de piloto em voos de longa distância, era praticamente impossível, completou a comissária.

A Lufthansa é a empresa mãe da Germanwings, uma companhia que oferece voos de baixo custo.

A mulher ainda disse que Lubitz nunca falou muito sobre sua doença, somente que estava em tratamento psiquiátrico. O porta-voz do grupo Lufthansa não quis comentar a notícia.

Lubitz, segundo os investigadores, trancou-se na cabine aproveitando a ausência do piloto e derrubou o avião.

A Promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira (27) ter encontrado provas de que o copiloto teria ocultado da Germanwings que sofria de uma condição médica não especificada.

De acordo com o jornal americano The New York Times, tratava-se de doença mental. Não foram divulgados detalhes.

Ainda de acordo com o NYT, citando autoridades envolvidas na investigação, Lubitz também procurou tratamento para problemas relacionados à sua visão.

Não está clara qual a gravidade dos problemas, nem se elas poderiam ter causado algum impedimento que afetasse sua capacidade de voar, segundo duas autoridades mencionadas de forma anônima pelo jornal.

Uma hipótese que está sendo considerada é que os problemas de visão tenham sido psicossomáticos, ou seja, causados ou agravados pela condição psicológica dele.

Neste sábado, os serviços de resgate da França realizaram o quinto dia de rastreamento na região dos Alpes franceses, onde o avião, que fazia o trajeto entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), caiu.


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